Porto Alegre, quinta, 25 de abril de 2024
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Presidente da Femama pede atenção para pacientes com câncer

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Reunindo quatro cientistas brasileiros que compõem o grupo responsável por recomendar as diretrizes para teste e aconselhamento genético de pacientes com câncer hereditário de mama e ovário evento será realizado no canal da FEMAMA do YouTube, no dia 21 de maio, às 17 horas.. Foto: Arquivo pessoal

Passado mais de um mês desde a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no Brasil, fica evidente a complexidade desta crise e a infinidade de decisões difíceis que precisam ser tomadas. Entretanto, um guia clínico do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) para gestão dos pacientes oncológico reforça que, apesar da assistência desse paciente não ser prioridade, serviços oncológicos precisarão continuar sem comprometer as instalações devido a uma combinação de fatores, incluindo contaminação da equipe médica e escassez de recursos. O alerta é da médica  Maira Caleffi, presidente voluntária da FEMAMA (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) e chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento.

Para ela, é natural que em um primeiro momento recursos e atenção pública estejam direcionados para questões imediatas como o distanciamento social, fundamental para o combate da doença, o levantamento de infraestrutura necessária para receber pacientes mais graves e medidas econômicas. 

“Ainda que fiquemos com a sensação de que o mundo parou, a vida continua com efeitos colaterais da pandemia. Para pacientes de câncer isso significa uma atenção redobrada nos cuidados e impactos no seu tratamento. Estudo apresentado na ASCO, principal congresso de oncologia no mundo, estimou que há mais de 44.642 mulheres com câncer de mama metastático no Brasil. O câncer não para. Segundo o INCA, estimam-se que 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022. Como nos adaptaremos em um cenário mais desafiador em recursos humanos e financeiros, acrescentando fator isolamento? “, diz Maira.

Para a presidente voluntária da FEMAMA, é preciso procurar as melhores soluções locais, alinhadas às orientações do Ministério da Saúde, para garantir o atendimento aos casos urgentes e não deixar desassistidos os demais casos. A sobrecarga é um problema imediato, porém seus impactos serão percebidos também no médio e longo prazo. “Para enfrentar esse cenário, precisamos de critérios que determinarão o que é ou não urgente. Não estamos falando apenas de casos clínicos, mas de centenas de milhares de pessoas com angústias compreensíveis em uma pandemia”, comenta.

A FEMAMA (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) tem recebido diariamente relatos de pacientes que estão completamente perdidas no sistema ou que não conseguem informações claras de como será seu tratamento nas próximas semanas. Os médicos e profissionais da saúde têm a enorme responsabilidade de priorizar casos urgentes e, também, de tranquilizar as pacientes em estágios menos agressivos ao informar que sua vida está segura, ainda que adie consultas ou exames.

“Temos que garantir os avanços conquistados nos últimos anos, resultado do diálogo contínuo entre as diferentes esferas do governo, sociedade civil e comunidade médica. Só por meio de uma rede intersetorial, com orientações federais claras baseadas em evidências científicas e adaptações locais, será possível gerenciar a sobrecarga do SUS, apoiar médicos na sua missão e garantir a segurança dos pacientes”, argumenta Maira Caleffi.