No Dia Nacional da Imprensa, comemorado neste 1º de junho, a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) lançou um manifesto, defendendo a democracia e alertando: “o autoritarismo ameaça o Brasil”. A entidade, em uma campanha que envolveu os veículos de comunicação da Capital, enviou o texto para que fosse impresso nos jornais desta segunda-feira.
Assinado pelo presidente da ARI, Luiz Adolfo Lino de Souza, e pelo presidente do Conselho Deliberativo da entidade, João Batista de Melo Filho, o documento reforça que, quando a liberdade de imprensa é ameaçada, as demais liberdades individuais e a própria democracia correm riscos. “É o que ocorre no Brasil nestes tristes tempos de pandemia e sucessivas crises”, ressalta o manifesta.
O texto critica as agressões sofridas por jornalistas por parte dos apoiadores do presidente da República. O manifesto ainda se opõe ao “desapreço governamental à ciência, à cultura, ao meio ambiente e às regras mais elementares de educação e cidadania, assim como as frequentes manifestações de simpatia por armas e de tolerância com milícias ilegais, tende a estimular comportamentos fascistas”.
O documento emitido pela ARI ainda busca homenagear os profissionais da imprensa e os veículos de comunicação. “Não vamos nos calar, não seremos calados”, finaliza o manifesto.
Confira, na íntegra, o texto da entidade:
MANIFESTO PELA IMPRENSA E PELA DEMOCRACIA
Quando a liberdade de imprensa é ameaçada, as demais liberdades individuais e a própria democracia correm riscos. É o que ocorre no Brasil nestes tristes tempos de pandemia e sucessivas crises. Por isso, neste 1º de junho, Dia Nacional da Imprensa pela Lei Federal 9.831, de 1999, em homenagem ao gaúcho Hipólito José da Costa e seu Correio Braziliense – jornal por ele lançado em 1808 – a Associação Riograndense de Imprensa adverte a sociedade brasileira: o autoritarismo ameaça o Brasil.
As manifestações antidemocráticas não se restringem ao crescimento evidente, nos últimos meses, de intimidações, constrangimentos e ataques a profissionais de jornalismo e a empresas jornalísticas. Estendem-se, também, a integrantes dos poderes Legislativo e Judiciário, a governantes estaduais e municipais, a organizações civis comprometidas com a defesa do meio ambiente e dos direitos humanos, além de toda e qualquer pessoa que divirja de ações do Poder Executivo Federal.
Incitados por um governante que não tolera críticas, desconfia de tudo e de todos, inclusive de ministros e assessores diretos que manifestam algum tipo de desconforto com suas orientações, grupos de seguidores fanatizados vêm promovendo agressões verbais, morais, físicas e até mesmo ameaças de morte a profissionais de imprensa e a integrantes de outras categorias que questionam o modelo autocrático de exercício de poder.
O desapreço governamental à ciência, à cultura, ao meio ambiente e às regras mais elementares de educação e cidadania, assim como as freqüentes manifestações de simpatia por armas e de tolerância com milícias ilegais, tende a estimular comportamentos fascistas. A isso nos opomos com veemência.
A Associação Riograndense de Imprensa completa 85 anos em 2020. É uma entidade laica, autônoma e apartidária, comprometida com a defesa da liberdade de expressão, da democracia e do jornalismo independente e profissional como antídoto para as fake news.
Ao destacar o legado de Hipólito da Costa, também patrono da cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras, elege o Dia da Imprensa para homenagear profissionais e veículos, reafirmando a nossa determinação de resistir ao arbítrio: não vamos nos calar, não seremos calados.
Luiz Adolfo Lino de Souza
Presidente da ARI
João Batista de Melo Filho
Presidente do Conselho Deliberativo da ARI