Porto Alegre, domingo, 29 de setembro de 2024
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Digitalização forçada das empresas na pandemia acelera substituição de mão de obra; O Estado de São Paulo

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Valkíria diz que é difícil competir quando o colega de trabalho é uma máquina.TABA BENEDICTO/ESTADÃO

 

 

Depois de dois anos trabalhando na área comercial de uma metalúrgica, Valkíria Rocha foi alvo dos efeitos da digitalização no mercado de trabalho e acabou substituída por um programa de computador. Todo o trabalho de prospecção e captação de clientes, que ela demorava um mês para fazer, o sistema concluía em duas horas. “Fica difícil concorrer quando o seu colega de trabalho é uma máquina. Isso amedronta muito”, afirma a profissional, explicando que inicialmente o sistema iria apenas auxiliá-la nas tarefas.

Com a pandemia do novo coronavírus e a necessidade de redução de custos, no entanto, o software passou a fazer todo o trabalho de Valkíria, e ela teve de se adaptar a outra área. Passou por logística e administração até deixar a companhia em julho. “Em muitos casos, a tecnologia potencializa o trabalho humano. Nesse caso, substituiu, o que causou uma grande frustração e uma sensação de não ser mais funcional.”

A tendência é que histórias como a de Valkíria se alastrem pelo Brasil com a expansão da transformação digital nas empresas, que avançou a passos largos durante a pandemia, segundo especialistas. Nesse curto espaço de tempo, a sociedade presenciou uma mudança radical no seu dia a dia, numa velocidade nunca vista. As empresas tiveram de se reinventar para continuarem de pé e, nesse processo, um dos efeitos colaterais foi a redução de pessoal.