Reportagem de Mariana Muniz, em O Globo, mostra que prestes a se tornar o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes afirmou nesta terça-feira, ao analisar o atual sistema presidencial brasileiro, que o país “naturalizou” o instrumento do impeachment e que é preciso “zelar para que o remédio não mate o doente”.

— Nós naturalizamos de alguma forma o impeachment, tornando-se quase que equivalente a um voto de desconfiança. [Se] o presidente perdeu as condições de governabilidade, logo a solução é a interrupção de seu mandato — disse Gilmar.

A fala do ministro do Supremo foi proferida durante o debate “Justiça e Democracia — A visão da Justiça, do Ministério Público e da Advocacia”, promovido pelo site Conjur, com a participação do procurador-geral da República Augusto Aras e do advogado Marcus Vinicius Furtado Coêlho, ex-presidente do Conselho Federal da OAB.

No debate, Gilmar afirmou considerar que a banalização do impeachment como consequência da perda de apoio político no Congresso deveria levar a uma reflexão e um diálogo sobre o que classificou de “aparente presidencialismo imperial” no Brasil. O ministro observou que há “uma presença muito forte do Congresso em questões vitais”.