Porto Alegre, quinta, 18 de abril de 2024
img

Espaço underground da cultura, antigo Bar do IAB completa 40 anos da inauguração; por Márcio Pinheiro/Jornal do Comércio

Detalhes Notícia
Dirceu Russi abriu o negócio em 1º de dezembro de 1981, ao lado do amigo Antonio Carlos Castro ANDRESSA PUFAL/JC
“Quando o processo histórico se interrompe… quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para se abrir um bar”, escreveu o carioca Antonio Callado citando o poeta inglês W.H. Auden na epígrafe do livro Bar Don Juan. Não sei se o empresário Dirceu Russi leu este livro – é possível que sim – mas de qualquer forma foi esta decisão que ele tomou há exatos 40 anos, no segundo semestre de 1981, quando ao lado do amigo Antonio Carlos Castro resolveu abrir um bar.
Hoje, a condição descrita por Auden e reproduzida por Callado quase que se repete, mas Dirceu, 76 anos, pendurou as garrafas e as taças – está aposentado da noite, depois de ter dado uma contribuição inestimável aos hábitos notívagos. Como não pensa em abrir um bar (mais um), o que só aumentaria seu currículo etílico, tampouco voltar para trás dos balcões está nos seus planos, Dirceu pretende agora lançar um site contando a história e as histórias de um bar que marcou a vida social e cultural de Porto Alegre: o Bar do IAB.
O site (www.espacoannesdias166.com.br) no ar desde o dia 1º é o resumo daqueles dias agitados e daquelas noites efervescentes de boa parte da década de 1980 no Centro de Porto Alegre. O que Dirceu – assessorado pelo amigo e diretor de imagens Aloisio Rocha – está recuperando são depoimentos de frequentadores, recordações de amigos, relatos de artistas, curiosidades e fatos que fizeram parte de um período estimulante da vida brasileira em geral e da porto-alegrense em particular.
Infelizmente – em épocas pré-celular – são poucas as fotos que sobraram. “Apesar de o local ter sido frequentado por dezenas de fotógrafos, não fiquei com quase nada daquela época”, explica Dirceu, que aproveitará o site para fazer um apelo a quem tiver imagens e que se disponha a doar o material para o acervo. “A ideia é que o site seja vivo, em constante atualização, contando com a colaboração de velhos frequentadores”.
Como não pensa em escrever um livro sobre o que viu no seu tempo de balcão – “Se contasse o que poderia ser contado, o livro não teria graça nenhuma; se contasse o que não pode ser contado, seria morto”, resigna-se Dirceu – o site também servirá como o registro daquele tempo tão bem vivido.
Dirceu e seus amigos lembrarão de shows (Cida Moreira e Nana Caymmi, os mais badalados, ou Tangos & Tragédias, com Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky, ou Cem Modos com O Menor Espetáculo da Terra, ou ainda a Suíte para Flauta e Jazz-Piano, com Ayres Pothoff e Celso Loureiro Chaves, alguns dos pioneiros) e também a quantas andava o País que vivia os estertores da ditadura e começava a respirar os ares das eleições diretas e da abertura democrática.

 

Clique aqui e leia a íntegra no Jornal do Comércio