Quando Lula se reabilitou eleitoralmente, Ciro Gomes tratou de sinalizar que não se posicionaria ao lado dele na corrida pelo Palácio do Planalto. “Não vejo caminho para o futuro com a volta ao passado lulopetista”, disse, menos de 24 horas depois de o ex-presidente retomar os direitos políticos. Com o passar dos meses, a tônica da ofensiva só escalou. O pedetista chamou o antigo aliado de “canalha” e “traidor”, chegou a tachar um dos filhos dele de “ladrão” e, de quebra, assegurou que não o apoiará no iminente confronto direto com Jair Bolsonaro. Com a indicação de que um armistício entre os dois será inviável, o PT contra-atacou, colocando de vez na rua a estratégia do voto útil em torno do nome de Lula. A coligação do ex-presidente, porém, não combaterá fogo com fogo. A ordem é evitar a troca de ofensas para não queimar pontes com o PDT e os próprios eleitores ciristas — afinal, o partido sabe que são pequenas as chances de uma vitória logo em 2 de outubro e entende a importância de composições para o segundo turno, que é logo ali.
Parlamentares e dirigentes partidários avaliam que Ciro mirou a artilharia em Lula sob o entendimento de que, diante da base cristalizada de Bolsonaro, sua única chance real de pegar impulso nas pesquisas e ir para o segundo turno seria “roubando” votos dos eleitores que apoiam o petista. O pedetista, segundo avaliam, vive uma espécie de “tudo ou nada”. O sentimento, acrescentam, tornou-se ainda mais agressivo quando Simone Tebet começou a crescer, ameaçando sua terceira colocação. Para as lideranças da coligação de Lula, as pesquisas comprovam que Ciro seguiu uma “estratégia equivocada” — a última sondagem do Datafolha o mostrou caindo dois pontos, enquanto Bolsonaro subiu dois — e sinalizam que, por isso, ele pode ter a biografia como um líder progressista comprometida.
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