Fósseis são verdadeiras cápsulas do tempo: rochas ou sedimentos podem preservar plantas, vestígios de animais e outros rastros que ajudam a contar a evolução do planeta Terra. Esses indícios revelam mudanças e fenômenos de milhões de anos. Pesquisadores do Instituto Tecnológico de Paleoceanografia e Mudanças Climáticas – iit Oceaneon – da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) foram em busca dessas pegadas do passado em uma expedição à Antártica, com quase dois meses de duração. O itt Oceaneon desenvolve pesquisas visando compreender a evolução geológica, biológica e paleoceanográfica dos oceanos, especialmente do Oceano Atlântico e suas bacias sedimentares. Além disso, realiza pesquisa básica, projetos de Desenvolvimento e Inovação (P&D&I), capacitação profissional e prestação de serviços tecnológicos.
O coordenador do itt Oceaneon, Gerson Fauth, e as alunas da Escola Politécnica Leslie Márquez e Bruna Schneider embarcaram na Operantar 41, uma operação que faz parte do Programa Antártico Brasileiro. A saída do Brasil aconteceu em 28 de dezembro e a primeira parada foi Punta Arenas, no extremo sul do Chile, onde a equipe realizou atividades de campo juntamente com pesquisadores do Instituto Antártico Chileno (INACH). Em seguida, embarcaram no navio Ary Rongel, atravessaram a Passagem de Drake e pararam na Base Brasileira sediada nas Ilhas King George.
Em seguida, o trio foi lançado de helicóptero na Ilha Seymour, onde aconteceu o trabalho de campo. A localidade reserva materiais ricos para os estudos geológicos: nela, são encontrados fósseis que contam a história geológica da evolução do Atlântico Sul e do rompimento entre América do Sul e Antártica, fenômeno que causou importante mudança climática. Segundo Fauth, estudos desses eventos permitem traçar relações com as alterações climáticas atuais, ajudando a prever o que pode acontecer no futuro.
Por aproximadamente um mês, a equipe coletou fósseis e microfósseis nos afloramentos. “Realizamos caminhadas de até 20 km reunindo amostras e fazendo perfis geológicos destes sedimentos. Essas rochas datam de 23 a 66 milhões de anos atrás e nos possibilitarão estudar momentos de aquecimento e esfriamento da Terra”, explica Fauth. Os pesquisadores foram resgatados pelo navio Ary Rongel para o retorno e chegaram em terra firme no Brasil no dia 22 de fevereiro.
De acordo com Fauth, o material seguirá agora para análise nos laboratórios do itt Oceaneon e o resultado da pesquisa será relatado em artigos científicos. “Recebemos com muita alegria a oportunidade de realizar uma expedição como essa, que nos dá acesso a amostras raras de serem coletadas, fósseis que contam a história da nossa evolução. Essa imersão de estudo das mudanças climáticas possibilita o desenvolvimento da pesquisa científica e estimula a formação acadêmica de mestres e doutores”, finaliza.