Das hidrovias, rodovias e ferrovias até o transporte aéreo, o painel de encerramento do 2º Congresso Estadual de Infraestrutura da FEDERASUL abordou os desafios no sistema logístico do RS, antes e depois das enchentes. Com o tema “Multimodais e sua importância na competitividade gaúcha”, a atividade recebeu o presidente do TECON Rio Grande, Paulo Bertinetti, e o coordenador de logística da Braskem, Roger Lazzarotti, que destacaram a necessidade urgente de melhorias e diversificação modal na infraestrutura do estado. A mediação do painel foi da vice-presidente da Aeromot, Cristiane Cunha.
Bertinetti iniciou sua fala destacando a atuação da Wilson Sons, que gerencia o TECON. Ele apresentou a estrutura da empresa, que atua em todo o Brasil, transportando, principalmente, resina, frango congelado, madeira, sucata e embalagens. O executivo expressou grande preocupação com a falta de apoio político para o desenvolvimento dos portos gaúchos, o que tem levado à perda de competitividade para os vizinhos catarinenses. “Nós perdemos 2 mil contêineres por mês para Santa Catarina”, revelou.
Para ele, é fundamental que haja uma ação política efetiva para que o Porto de Rio Grande ganhe mais protagonismo. “O gargalo é apoio político, é vontade política”, afirmou Bertinetti, ressaltando que a empresa tem montado uma estrutura robusta para chamar a atenção dos representantes políticos para os desafios enfrentados.
Continuidade
O coordenador de Logística da Braskem, Roger Lazzarotti, trouxe à discussão os impactos das enchentes na operação da empresa, que emprega mais de 4.500 pessoas direta e indiretamente. A Braskem, que depende da infraestrutura do estado para escoar sua produção, enfrentou grandes dificuldades com a inundação do terminal Santa Clara, que ficou 27 dias sem operar.
Lazzarotti também citou a indisponibilidade das ferrovias e os danos nos acessos rodoviários como entraves adicionais. Para ele, a falta de uma política de Estado contínua agrava os problemas logísticos e provoca fuga de talentos do Rio Grande do Sul para outras regiões. “Parece que não há continuidade aqui no Rio Grande do Sul. É preciso uma política de Estado”, concluiu.
Plano B
Mediando o painel, a vice-presidente da Aeromot, Cristiane Cunha, destacou a importância de diversificar os modais de transporte para garantir a competitividade do estado. Em sua fala, criticou a falta de planejamento em infraestrutura básica, exemplificando a grave suspensão de atividades do Aeroporto Salgado Filho, que ficou 73 dias parado devido às enchentes.
“É inacreditável que uma cidade como Porto Alegre não tenha um plano B para seu aeroporto”, afirmou. Ela deu o exemplo de outras cidades, de tamanho semelhante à Porto Alegre, que dispõe de uma estrutura aeroportuária mais robusta, como Belo Horizonte.
Fechamento
O vice-presidente de Integração da FEDERASUL, Antonio Carlos Bacchieri, reiterou o compromisso da entidade com o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. “Nós da FEDERASUL estamos atentos e permanentemente na cobrança para desenvolver o estado do Rio Grande do Sul”, afirmou refletindo sobre a importância dos debates e a necessidade de ação contínua.
Encerrando o evento, o presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, enfatizou o papel da sociedade civil organizada na condução das políticas públicas, especialmente diante da inação dos governos. Ele lembrou as dificuldades para realizar o congresso, inicialmente previsto para julho, mas postergado devido às enchentes. “O Rio Grande do Sul precisa de uma política de Estado, mas ela não virá dos governos, mas sim da sociedade civil organizada”, declarou. Costa ainda destacou a riqueza dos debates e a importância de manter a pauta de infraestrutura no foco das discussões públicas.