O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF-RS) de maio mostra como a pandemia acertou em cheio a confiança das famílias gaúchas. Divulgado nesta quarta-feira, dia 03, pela Fecomércio-RS, o ICF-RS mergulhou mais fundo no patamar pessimista e marcou 77,0 pontos em maio, menor valor desde julho de 2018. Os dados apontam queda de 15,5% na comparação mensal e 15,7% em relação a maio do ano passado.
Todos indicadores que compõem o índice tiveram queda expressiva quando comparado ao mês de abril, acentuando as perdas apontadas na edição anterior. A situação do nível da renda familiar teve baixa de 10,5% na comparação mensal (87,1 pontos), com queda de maior intensidade no grupo de renda inferior a dez salários mínimos (80,7% da amostra), que registrou 79,8 pontos após cair 11,8%. A contração para o grupo de renda superior a dez salários mínimos foi de 6,5%, ficando no patamar otimista com 117,3 pontos.
Segundo o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, além dos autônomos, muitos negócios que dependem da presença física dos colaboradores e dos clientes enfrentaram dificuldades. “Muitos postos de trabalho formais foram fechados no RS, totalizando uma perda de 75 mil vagas no mês, segundo dados do Caged. Nessas condições, e com a incerteza sobre os rumos da crise e da situação de emprego e financeira para todas as famílias, o consumo despencou e os gastos ficaram concentrados em bens básicos”, comentou Bohn.
Em comparação com abril, o nível de consumo atual aprofundou a queda ao registrar 71,5 pontos (-12,3%), refletindo os recuos de 14,0% no grupo de famílias com renda menor que dez salários mínimos (65,8 pontos) e de 7,1% no grupo de rendimento maior dez salários mínimos (95,5 pontos). A perspectiva de consumir, por sua vez, teve outra forte revisão e caiu 20,3% para 61,6 pontos na comparação mensal. Em abril, já havia caído 20,8%. “O cenário é muito difícil. As consequências tem se mostrado devastadoras e, sem o suporte de medidas efetivas à renda e ao emprego pelo Governo, quanto mais tempo durar a crise, mais difícil será de reverter seus efeitos”, lamentou o presidente da entidade.
O único indicador no campo otimista foi o relativo à segurança em relação à situação do emprego (103,8 pontos), que teve retração de 5,6% ante abril deste ano.