Porto Alegre, sexta, 27 de setembro de 2024
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Os desvios da intervenção militar; Revista Piauí

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TCU apura irregularidades no uso de 93 milhões de reais durante operação das Forças Armadas no Rio em 2018, comandada pelo hoje ministro Braga Netto. Danilo Verpa/Folhapress

 

 

Janelas quebradas, armários sem portas, fiação elétrica improvisada, estofados danificados e um bebedouro que não funcionava. O cenário foi descrito como “insalubre” por uma equipe de auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) no início de dezembro de 2018 na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela Chapéu-Mangueira, Zona Sul carioca. Faltavam poucos dias para o fim da intervenção federal no Rio de Janeiro e a vulnerabilidade a que estavam expostos os policiais contrastava, segundo os auditores, com o anúncio, na mesma semana, do primeiro voo do veículo não tripulado Hermes 900, com link via satélite, adaptação comprada com parte do dinheiro destinado a melhorar a segurança no estado. O Hermes é de uso exclusivo das Forças Armadas – e o upgrade do equipamento, ao custo de 14 milhões de reais, é um dos negócios contestados pelos auditores do TCU na gestão do general Walter Braga Netto, chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, quando esteve à frente da intervenção federal no Rio de Janeiro.

O relatório de auditoria do TCU, mantido em sigilo, aponta desvios de finalidade em mais de 80% dos gastos (93,6 milhões de reais) de uma amostra das despesas da intervenção federal. A relação de problemas apontados pelos auditores inclui a compra de equipamentos de uso exclusivo das Forças Armadas, como os blindados Lince K2, a atualização de um sistema de inteligência já operado pelo Exército, além de reformas de instalações militares fora do Rio de Janeiro e até a compra de camarão e bacalhau para consumo de militares. O gabinete do ministro do TCU Vital do Rêgo recebeu o relatório há nove meses e informou que não há data para submeter suas conclusões ao plenário do tribunal.

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