Qualificar as equipes envolvidas no cuidado de pacientes pós-transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH), auxiliando na tomada de decisões durante a prática clínica. Esse é um dos propósitos do Projeto Mais TMO, iniciativa do Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).
Uma das entregas do projeto Mais TMO é a disponibilização de três protocolos clínicos assistenciais: Protocolo para o Manejo da Doença do Enxerto contra o Hospedeiro, Protocolo para o Manejo do Citomegalovírus em Pacientes Submetidos ao TCTH e Protocolo para Manejo de Infecções Fúngicas em Pacientes Submetidos ao TCTH. O público-alvo são profissionais que atuam no TCTH e estudantes interessados em se atualizar sobre o tema. O acesso ao material é gratuito, por meio do site do PROADI-SUS.
O transplante de células-tronco hematopoéticas é um procedimento potencialmente curativo para pacientes com algumas doenças onco-hematológicas, genéticas e imunodeficiências. No entanto, esse tratamento pode acarretar uma série de complicações. Uma delas é a doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) – quando as células imunocompetentes do doador não reconhecem os tecidos do receptor e iniciam uma reação imune – complicação muito comum nos pacientes submetidos ao transplante.
As infecções oportunistas fazem parte das complicações relacionadas ao TCTH. Além de uma nova reconstituição imune, os pacientes pós-TCTH permanecem imunossuprimidos por longos períodos, fazendo com que eles estejam altamente suscetíveis a diversos tipos de infecções. As mais comuns, e que causam maior impacto na saúde dos pacientes, são as infecções fúngicas e pelo citomegalovírus (CMV). De 8% a 17% de todos os pacientes que realizaram TCTH alogênico desenvolvem algum tipo de infecção fúngica no pós-transplante.
Todas essas complicações estão associadas ao aumento da morbimortalidade, reinternações hospitalares e redução da qualidade de vida dos pacientes. Elas ocorrem não somente no período precoce, como também em períodos tardios do pós-TCTH. O reconhecimento e adequado manejo das infecções e DECH no contexto do TCTH é essencial para a intervenção precoce e a minimização das possíveis complicações relacionadas.
De acordo com o médico líder do Projeto Mais TMO, Fabiano Barrionuevo, os protocolos apresentam embasamento teórico atualizado, trazendo os fatores de risco, métodos de diagnóstico, prevenção/profilaxia, tratamento e monitoramento das complicações mais frequentes no pós-TCTH.
“Os profissionais de saúde que atuam em instituições de todo o Brasil, atendendo pacientes submetidos ao TCTH, terão à disposição protocolos de manejo clínico para as principais complicações relacionadas ao procedimento. E, indiretamente, os pacientes também serão beneficiados, pois serão manejados com base nas melhores evidências disponíveis”, afirma Fabiano, destacando que a equipe do projeto buscou atualizações no meio científico com alto impacto e fez reuniões de revisão com especialistas nacionais e internacionais em TCTH, gerando um produto robusto, atual e gratuito.