Porto Alegre, sábado, 23 de novembro de 2024
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Pesquisadores de Passo Fundo encontram mais de 10 mil artefatos arqueológicos no Pará

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Pós-graduandos da UPF no grupo que localizou objetos do período pré-colonial na Serra das Andorinhas. Foto: UPF/PA

 

 

 

 

 

Com a finalidade de proporcionar experiências práticas na área de Arqueologia, estudantes e professores da especialização em Cultura Material e Arqueologia da Universidade de Passo Fundo (UPF) participaram de um projeto de pesquisa de campo no Parque Estadual Serra das Andorinhas, em São Geraldo do Araguaia, no Pará. O local é um dos maiores sítios arqueológicos de arte rupestre a céu aberto do mundo.

Foto: UPF/PA

Na primeira etapa das aulas, com duração de uma semana, foram encontrados 10,2 mil artefatos na Vila de Santa Cruz. Supervisionados por quatro professores, os 25 estudantes ficaram acampados no sítio-escola para aprenderem todas as etapas do processo, entre elas, ter responsabilidade com os materiais de prospecção de campo, comprometendo-se com a higienização, catalogação e estudos das peças.

Os fragmentos encontrados podem ser originados de utensílios como vasilhames cerâmicos de diferentes formatos. Agora, todo o material coletado passará por análise criteriosa e pelo processo de higienização, feito manualmente. A previsão é de que a conclusão da análise ocorra no início do próximo ano.

Pesquisa com a participação da comunidade local

Para a realização da parte prática  da especialização foi desenvolvido um projeto piloto que busca envolver a comunidade na pesquisa, no gerenciamento e na preservação do patrimônio arqueológico. “A partir deste estudo de campo, temos a perspectiva de desenvolver ações de médio a longo prazo no Parque Serra das Andorinhas e arredores”, comenta a coordenadora da especialização, professora Dra. Jacqueline Ahlert.

Foto: UPF/PA

Além do envolvimento em atividades de campo, os pós-graduandos farão estudos no laboratório da Fundação Casa da Cultura de Marabá, ao lado de pesquisadores de todo o Brasil. “Buscamos ampliar o levantamento arqueológico na área da Serra das Andorinhas e aprofundar os conhecimentos a respeito do registro arqueológico contido nessa área de estudo, que apresenta um alto potencial científico, de acordo com estudos preliminares desenvolvidos na área nas últimas décadas”, afirma a professora.

Passado e presente marcando o tempo da história 

O período pré-colonial e a história recente se misturam na localidade, que hoje conta com a vida e a rotina de uma vila. De acordo com Jaqueline, essa realidade ajuda os pesquisadores a compreender melhor a passagem do tempo, uma vez que a população que hoje habita o local interage com os resquícios de civilizações passadas e constroem, em cima delas, a própria história.

“A pesquisa teve o objetivo de mapear processos muito diferentes de ocupação. Desde ocupações pré-coloniais, com muita presença de cerâmica, de material lítico, mas ocupação histórica também, visto que existe hoje uma pequena vila de moradores em cima desse sítio arqueológico, que continua interagindo com o sítio com própria vivência, então os processos históricos pelos quais as pessoas passaram também são evidenciados na pesquisa arqueológica”, pontua.

A Serra das Andorinhas

Foto: UPF/PA

Com um relevo composto por serras, cavernas, abrigos e fendas desenvolvidas em quartzito, além de cachoeiras, praias, matas, cerrados, campos e chapadas associados a uma fauna diversificada, o Parque Serra das Andorinhas traz vestígios de grupos pré-ceramistas e ceramistas nas cavernas e abrigos sob rocha, totalizando 44 sítios arqueológicos e outros 16 sítios ceramistas a céu aberto.

É um dos maiores sítios arqueológicos de arte rupestre a céu aberto do mundo. Ao todo, são mais de 370 cavernas identificadas na área que engloba todo o Parque, as quais foram cadastradas e registradas pelos pesquisadores (espeleólogos) da Fundação Casa da Cultura de Marabá. A região também foi palco da Guerrilha do Araguaia, movimento armado ocorrido entre o final da década de 1960 e meados da década de 1970.