Porto Alegre, domingo, 19 de maio de 2024
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Cinquenta anos de uma grande revolução, por Nereida Vergara/Correio do Povo

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Instituído no Brasil em 1972, por iniciativa do imigrante alemão Herbert Bartz, o plantio direto, técnica que prevê a semeadura sobre palhada, deu à agricultura brasileira caráter conservacionista e segurança na produção em escala | Foto: Rodrigo Pacheco / Arquivo Pessoal / CP

Não existe para o produtor rural patrimônio maior que o solo em que planta. Sem ele, a melhor das tecnologias não é capaz de garantir a produtividade. Trata-se de uma incoerência acreditar que o agricultor intencionalmente faria algo para danificar e esgotar seu capital mais caro. Ainda hoje, há críticas contundentes à agricultura fundadas em seu impacto ambiental, sem levar em consideração os avanços que a atividade no Brasil conquistou nos últimos 50 anos. Um desses avanços revolucionou a semeadura no país em 1972, diminuindo de forma drástica um problema que tirava o sono de produtores e ambientalistas: a erosão. O plantio direto, forma de semear sem revolver a terra, que preserva a qualidade do solo e evita a fuga da água, está presente hoje em cerca de 38 milhões de hectares de lavoura brasileira, de um total de 72 milhões de hectares plantados em todo o país.

No Rio Grande do Sul, é aplicado em pelo menos metade de toda a área plantada anualmente, de cerca de 8 milhões de hectares, conforme afirma o professor de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e doutor em Ciências do Solo, Antônio Luis Santi. Ainda nos anos 40, o agricultor norte-americano Edward Faulkner começou a questionar o uso do arado convencional, que cortava a terra e incorporava a matéria orgânica num mesmo processo, como responsável pelos danos ao solo. As ideias de Faulkner passaram a ser reconhecidas, entretanto, a partir da Revolução Verde, que incorporou práticas agrícolas que tornaram possível a produção por escala.

No Brasil, o plantio direto foi introduzido a partir da década de 70, por Herbert Bartz, agricultor de Rolândia, no Paraná, que observou violenta erosão em suas terras quando da ocorrência de chuva forte. Conforme a Federação Brasileira do Sistema do Plantio Direto, Bartz visitou os Estados Unidos e a Inglaterra para conhecer uma técnica chamada de “no-till”, que consistia em abrir sulcos no solo para incluir sementes e fertilizantes sem arar. Os primeiros 200 hectares de soja plantados pelo método, batizado de plantio direto, foram implantados em outubro de 1972 por Bartz.

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