Porto Alegre, domingo, 29 de setembro de 2024
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ENTRELACE: Espetáculo musical de Janaína Maia

Detalhes Notícia

Entrelace. Mescla de coisas palpáveis e intangíveis. Tramas de pensamentos e sentimentos. Padrão em tantas formas e essências. Entrelaçar é arte. Amigurumi, crochê,
tricô, macramê, tapeçarias e esteiras. Habilidade surgida na América com os povos nativos que construíram utensílios, roupas e ferramentas. Há milhares de anos, estas
civilizações indígenas já tomavam o cuidado de retirar da natureza, apenas o necessário, sem desperdícios e destruição. Consciência que hoje chamamos de sustentabilidade.

Assim, raízes, galhos, folhas e cipós ganhavam nova forma em cestos e balaios. Herança bem preservada entre os ancestrais da cantora Janaína Maia. “Meu pai aprendeu a fazer balaios com meu avô de origem indígena e portuguesa, na sua morada, às margens da lagoa Itapeva. O vô trançava balaios de todos os tamanhos para transportar a
produção agrícola da família. Levava mandioca em carreta de bois para vender em Porto Alegre e acampava na Redenção. Também usava o balaio nas pescarias e coletas de marisco e maçambique na praia. Tudo era muito artesanal na época. Todos trançavam. Minha vó paterna fazia esteiras e peneiras, além de tecer mantas em tear de madeira.”

O entrelace está em tudo. Faz vibrar instrumentos de música e cordas vocais para criar sonoridades. Na trança dos poetas se enredam melodia, harmonia, ritmo e poesia.
Quando o dom e a inspiração se cruzam, o ar entrega carícia aos ouvidos. A respiração, o tempo e o espaço param para melhor observar a trama de fibras rústicas emprestar força, beleza e encanto a um delicado e autêntico canto de sereia. Eis o “Entrelace” de Janaína Maia.

O SHOW
No balaio de canções, Janaína Maia reúne trabalhos de MPB de compositores do Rio Grande do Sul e outros estados. Entrelace diversificado que resgata em suas letras a
paixão, o amor, o humanismo, a conexão com a natureza, a preservação da vida, a cultura litorânea e a valorização da mulher. Ao longo da carreira, Janaína Maia buscou
inspiração em intérpretes talentosas: Alcione, Maria Bethânia, Elizeth Cardoso, Núbia Lafayette, Elis Regina, Marisa Monte, Loma e Oristela Alves. Divas que enfrentaram
preconceitos e conquistaram espaço artístico em um mercado musical de padrões masculinos. A energia feminina no palco, ganhará força com as participações especiais
das artistas litorâneas Lizzi Barbosa, Jasmine Vasconcelos e Adriana Sperandir.

O repertório de “Entrelace” traz canções de MPB compostas por poetas e compositores musicais consagrados no sul: Carlos Nejar, Luiz Coronel, Colmar Duarte, Sérgio Rojas, Otávio Segala e Mauro Moraes. Acrescente-se a este time, uma compositora: Lara Rossato e sua belíssima “Fevereiro”. Outra música selecionada para o
show é “Me Chama”, de Fernando Corona. A canção acaba de ser gravada por Janaína Maia e será lançada dia 13 de maio nas plataformas digitais da artista. A direção musical e os arranjos do show “Entrelace” são assinados por Sérgio Rojas, que acompanha a cantora na guitarra e nos violões. Completam o time, Miguel Tejera, nos baixos acústico e elétrico, Diogo Barcelos, ao piano; e Dani Vargas, na bateria e percussão.

Janaína Maia formou-se em direito. É funcionária pública no Fórum de Tramandaí. É mãe do João, que tem o mesmo nome do avô. Por um tempo, o dom vigoroso em voz
cristalina hibernou nos invernos frios do litoral, mas pulsante, espraiou-se irrefreável ao chamamento da arte, intenso como o vento forte que ergue dunas. Após a pandemia, Janaína Maia voltou aos palcos com todo o vigor. Sua voz límpida, delicada e emotiva arrancou intensos aplausos do público nos espetáculos em que cantou como convidada: Recitais comemorativos dos 250 anos de Porto Alegre ao lado de Isabela Fogaça, Déborah Finocchiaro e Fernanda Carvalho Leite; e no show “integridade”, de Sérgio Rojas no Theatro São Pedro.

Nascida em Porto Alegre, Janaína Maia passou boa parte da infância e da adolescência em Terra de Areia e Arroio do Sal, cidades do litoral norte do Rio Grande do
Sul. Foi neste ambiente litorâneo, inspirado pela natureza praiana e no aconchego do lar que a sensibilidade musical aflorou. Logo aos cinco anos, a caçula entre as três filhas e o filho de seu João e dona Lucelena, começou a cantarolar afinada. Na pré-escola, a professora percebeu o talento e levou a menina para uma apresentação das crianças na paróquia da cidade. A Freira Irmã Maria imediatamente convocou a pequena Janaína para cantar nas missas ao lado do padre, que tocava teclado.
O dom havia despertado. Faltava o tempo fazer sua parte. O primeiro show foi na pizzaria da própria família, em Terra de Areia. Como ainda não sabia ler, Janaína Maia
decorou as letras de MPB com ajuda de uma das irmãs. Algum tempo depois, aos nove anos, gravou sua primeira música no disco do 1º Festival do Litoral Norte, em que
participaram artistas profissionais: Loma, Carlos Catuípe e Cléa Gomes. Em 2004, Janaína Maia gravou o CD “Prenda” com canções regionais. Nesta época, já participava
intensamente em festivais de MPB e música nativista do Rio Grande do Sul. Fase raiz que nutriu as folhas e cipós para novos entrelaces de cestos, balaios e canções.

ENTRELACE
Janaína Maia
13/05 – 20h
Teatro Municipal de São
Leopoldo
27/05 – 20h
Teatro Bruno Kiefer
(Casa de Cultura Mario Quintana)
Porto Alegre
Ingressos Antecipados:
www.sympla.com .br