Porto Alegre está prestes a ganhar uma grande obra de um artista renomado no país e no Exterior para celebrar a coragem e o altruísmo dos indivíduos responsáveis por inúmeros resgates de vítimas das enchentes de maio deste ano no Rio Grande do Sul. O Monumento ao Voluntário Anônimo, criado por Siron Franco e financiado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), será inaugurado no dia 2 de dezembro, às 18h30min, no Parque Pontal. Na data, também será comemorado o aniversário de 40 anos do IEE.
“O monumento em homenagem aos voluntários anônimos representa a bravura dos cidadãos em momentos de situação extrema. Acreditamos que a força que está em cada indivíduo é capaz de causar impacto em toda a sociedade. Há 40 anos, esse princípio é exaltado pelo Instituto de Estudos Empresariais. O monumento representa esse conceito, com a intenção de mostrar de forma concreta a coragem de todos aqueles que fizeram a diferença no evento climático mais trágico da história do Rio Grande do Sul”, afirma a presidente do IEE, Paola Coser Magnani.
Com 27 metros de comprimento e dois metros de altura, o Monumento ao Voluntário Anônimo é feito de aço e formado por 30 perfis de homens e mulheres – com cerca de cem quilos cada uma – de mãos dadas, simbolizando o trabalho incansável dos voluntários civis que atuaram nos resgates. O Pontal foi um dos principais pontos de resgate das vítimas da enchente. Escolhido pelos voluntários, serviu de apoio para os salvamentos, primeiros socorros e atendimento das vítimas. Agora, foi escolhido pelo IEE para sediar a homenagem.
Já a contratação de um artista de renome nacional tem relação com a ajuda que o Rio Grande do Sul recebeu do país inteiro, com doações e até mesmo com voluntários, simbolizando uma retribuição a essa gigantesca solidariedade.
O curador da iniciativa do monumento, Renato Malcon, que participou da primeira diretoria do IEE em 1984, empresário com extenso currículo na gestão de instituições culturais do estado, revela o entusiasmo demonstrado pelo artista quando foi convidado a criar a obra. Malcon pontuou a relevância do extenso currículo do artista, a consistência de seu posicionamento como cidadão e os laços profundos com o estado.
Pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador e diretor de arte, Siron Franco (nascido Gessiron Alves Franco, em Goiás Velho, Goiás, em 1947) tem uma produção artística de predominância pictórica, em que mescla, ora num vocabulário surrealista, ora com abstrações ainda passíveis de identificação alegórica, comentários críticos sobre problemas sociais e personagens da cultura pop e do cerrado goiano. Ainda que com predomínio da pintura em sua obra, a produção de Siron Franco tem uma variedade técnica e material bastante rica, coerente com seus temas, que seguem das crônicas do cotidiano à crítica às fissuras sociais, com enfoque considerável na contingência do entorno de Goiás, com sua população laboral e indígena.
“Há 50 anos realizei minhas primeiras exposições em Porto Alegre. Eu era muito jovem, e fui superbem recebido por artistas mais velhos, como os mestres Ado Malagoli, Xico Stockinger, Vasco Prado. Com Iberê Camargo estive muitas vezes, ainda no Rio. Sempre tive muito carinho por essa terra, tendo participado de diversas exposições individuais e coletivas”, relata Franco. “Acompanhei pelo noticiário a enchente, o sofrimento, as perdas, assim como o salvamento realizado pelas pessoas. Os voluntários fizeram um trabalho realmente incrível e emocionante. Ao receber o convite, fiquei muito honrado, e fiz questão de aceitar imediatamente. É uma honra louvar essas pessoas que espontaneamente se envolveram nessas ações de salvamento, resgate”, completa.
A proposta é marcar o Parque Pontal como um espaço de reflexão e agradecimento, onde as pessoas poderão se conectar com a história recente da cidade e com o legado que os voluntários deixaram, perpetuando a importância da solidariedade em momentos de calamidade. O evento de inauguração contará com a presença de autoridades, representantes de entidades e da sociedade.
“Agradecemos ao IEE e nos sentimos imensamente honrados por poder ajudar a contar essa história de bravura e solidariedade do povo gaúcho”, ressalta Angelo Boff, diretor Corporativo da SVB, empresa proprietária do complexo do Pontal. “De braços dados, nosso povo emergiu das águas e resgatou um dos sentimentos mais belos da vida: a solidariedade. Graças ao esforço de todos, conseguimos sobreviver e nos reerguer, e hoje somos seres humanos melhores. Com a ajuda de milhares de voluntários espalhados por diversos cantos de nosso país e do mundo, fomos abraçados com carinho, e hoje agradecemos a todos por meio dessa homenagem”, finaliza.