“Ao longo da minha trajetória, e de boa parte dos negros, a gente nunca se viu de fato representado, nunca teve aquela figura negra. Nos livros de história, monumentos, eu nunca me enxerguei”. Foi assim que pessoas como o jornalista Flávio Bandeira, 34 anos, nascido e criado em Porto Alegre, cresceram, sem ver pessoas como eles na história da sua cidade e estado, e ouvindo durante toda a vida que o papel que lhes cabia estava longe do sucesso profissional e da possibilidade de ocupar cargos de relevância por conta da sua cor de pele, algo que ainda machuca. “O primeiro impacto é vital e norteia nossa vida, nosso dia a dia, que é a autoestima. Não se ver representado em praticamente nada faz ficar pensando ‘poxa, será que nenhum de nós pode chegar lá?’, apesar de alguns terem chegado. Mas daí vem outro questionamento: qual a dificuldade em mostrar que a gente também pode chegar? Qual o medo da sociedade de que algum negro chegue a uma posição de destaque? Isso é uma coisa que eu penso muito todo dia. Vemos que somos praticamente invisíveis na sociedade”, aponta Bandeira.
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