Testar, testar e testar. Essa é uma das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para auxiliar no combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Porém, no Brasil, há uma limitação de estrutura para a realização de testes para identificar os casos do vírus, o que dificulta a avaliação do quadro real da evolução da doença, em especial, na região do Vale dos Sinos. Com o objetivo de ampliar a capacidade de diagnóstico, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, o Parque Tecnológico São Leopoldo – Tecnosinos e o Hemocord – Biotecnologia formaram uma parceria para a realização do processamento dos testes para detectar a doença.
De acordo com a diretora do Tecnosinos, Susana Kakuta, um dos principais gargalos neste momento de pandemia é a testagem. “Os testes estão sendo realizados nas pessoas que estão em estados mais graves. Precisamos ampliar a capacidade. O laboratório vai ajudar a eliminar esse gargalo no diagnóstico”.
Instalado no Tecnosinos desde 2019, o Hemocord é uma empresa de biotecnologia e banco de células-tronco de sangue e tecido de cordão umbilical, com laboratório de criopreservação. A CEO da empresa, a médica Karolyn Sassi Ogliari, que também é professora do curso de Medicina da Unisinos, explica que o laboratório lida com materiais biológicos com níveis de segurança alto. “Para fazer os testes do coronavírus, é necessário uma série de requisitos, os quais temos aqui e estamos homologando junto à Anvisa. Testar a população é um dos pontos chaves no combate à epidemia. Nós, da área da saúde, temos um papel social importante. Esta é uma forma de contribuir e ajudar a sociedade”.
Os testes para diagnóstico do novo coronavírus serão processados no laboratório do Hemocord, em parceria com a Escola de Saúde da Unisinos. Como forma de ampliar a capacidade, durante a pandemia, também serão utilizados equipamentos do Instituto Tecnológico Nutrifor (itt Nutrifor). Além disso, o espaço vai contar com professores, mestrandos e doutorandos voluntários do curso de Biomedicina e Farmácia da Unisinos, que vão auxiliar na operação. Com isso, será possível ter um sistema de testes que opere 24 horas por dia.
Para a decana da Escola de Saúde da Unisinos, Rochele Rossi, a iniciativa é uma oportunidade de aplicar recursos para minimizar os efeitos do novo coronavírus. “A partir do aumento do número de testes e, consequentemente, de diagnósticos, vamos ter uma avaliação mais efetiva do avanço da pandemia, além de possibilitar o planejamento de novas ações”.
O sistema de coleta dos exames será realizado pelos municípios. “As prefeituras realizam a compra do kit e realizam a coleta do material para coronavírus. Após, faz o encaminhamento para o laboratório, que vai fazer o processamento do material. É uma grande parceria, que pode dar vazão, não só para São Leopoldo, mas também para Esteio, Sapucaia e municípios do entorno que tenham baixa ou nenhuma capacidade instalada para a realização dos testes”, explica Susana.
O secretário de Saúde de São Leopoldo, Ricardo Charão, comemorou a medida, uma vez que o número de pacientes testados ainda é baixo. “Com o processamento dos testes, vamos ter o dimensionamento real da pandemia na cidade. Além disso, vai agilizar a tomada de decisão clínica que, atualmente vem sendo realizada através do protocolo de sintomas recomendado pelo Ministério da Saúde”.
A iniciativa faz parte de uma série de ações institucionais que vem sendo desenvolvidas no ecossistema de inovação da Unisinos – Tecnosinos, como forma de prevenção contra a pandemia e a preservação da saúde e do bem-estar da comunidade.
O laboratório está em fase final de homologação de novo nível de segurança junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Com isto, a previsão de início das operações é de no máximo 15 dias.