Há anos Luis Fernando Verissimo trabalha dentro de sua “toca”, como define, no Bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Portanto, home office não é lá uma novidade para o escritor, que passa a quarentena ao lado da mulher, Lucia, e do filho Pedro. A mudança, de partir o coração, tem sido ficar longe da neta Lucinda (“só podemos trocar abanos tristes”). Xodó do avô, a menina completará 12 anos em abril, provavelmente ainda no isolamento.
A melancolia, o autor de 83 anos espanta arrumando suas estantes de livros e discos. Alguns fatos, no entanto, têm sido difíceis de digerir. É o caso do recente pronunciamento de Jair Bolsonaro (na última terça-feira), que defendeu a volta da normalidade e o recolhimento apenas dos idosos.
— Durante toda a fala do presidente, eu só conseguia pensar uma coisa: emigrar pra onde, meu Deus? — conta o mestre do humor sucinto, que terá uma antologia de crônicas lançada pela editora Objetiva assim que o coronavírus permitir.
Enquanto não criamos outro mundo, o autor de “Comédias da vida privada”, que se define como “antissocial com muitos amigos”, reflete sobre o comportamento humano no recolhimento forçado. Que ele, aliás, cumpre direitinho e não corre o risco de ser multado pela prefeitura de sua cidade, que restringiu a saída de maiores de 60 anos à rua, sob pena de multa.
Clique aqui e leia a íntegra da entrevista de Luis Fernando Verissimo, no site de O Globo.