Se pudessem, poetas de todos os cantos estariam se aglomerando nas praças. Protagonizariam batalhas líricas, acompanhadas e julgadas por um público espontâneo. Seus versos denunciariam desigualdades sociais e ecoariam nos prédios em volta. Mas as aglomerações estão suspensas. Em tempos de isolamento social, devido às medidas de prevenção à pandemia do novo coronavírus, não há poesia que se permita em via pública. Nada de agrupamentos, nem mesmo os poéticos, em quaisquer ágoras do Brasil.
Parece um devaneio pensar que, se a circulação de pessoas voltasse hoje à normalidade cotidiana, haveria alguém fazendo poesia na rua. Recitando versos ali na Praça XV, por exemplo, no Centro de Porto Alegre.
No entanto, se observarmos a cena de slam poetry que vinha tomando conta das grandes cidades, principalmente desde 2017, pode-se apostar que sim. Basta retomar a agenda do mês de março na capital do Rio Grande do Sul. Havia no mínimo um encontro de slam a cada final de semana. Mas foram todos adiados, sem previsão de novas datas.
Entre eles estavam o Slam (uni)verso, que realizaria sua primeira edição no dia 21 no Largo dos Açorianos, e o Slam Poetas Vivos, no dia 28 na escadaria da Borges. O último a ser realizado foi o Slam RS, em 14 de março, na Praça XV. Naquele dia a poesia ainda se permitia circular convidativa, embora as aglomerações já estivessem começando a ser impedidas.
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