Porto Alegre, sexta, 20 de setembro de 2024
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Dois generais do alto escalão garantem que Forças Armadas não entram em “aventura” e definem Bolsonaro como “ex-militar que foi para a política”; por Míriam Leitão/O Globo

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Foto: MARCOS CORREA / AFP

Conversei com dois generais do alto escalão do governo. Ambos pediram para não serem citados. É um problema. As Forças Armadas precisam dizer claramente o que pensam. O silêncio é perigoso, pode ser interpretado como aquiescência, como aprovação ao que foi dito.

Em off, um general me disse que “não existe solução política fora da Constituição Federal, simples assim.” Para ele, o “estado democrático de direito é o pilar para a minha geração” e que não há a mínima possibilidade de aventuras golpistas. “O presidente sabe disso”, contou o general, para quem o presidente não atacou a democracia no domingo. Ele acha que o ruim foi o local do discurso, à frente do “Quartel-General do Exército.

A posição do outro general é que Bolsonaro é um ex-militar que tem uma carreira política. Ou seja, que não está mais na ativa. A fonte explica que as Forças Armadas são contra qualquer tipo de “aventura”. Foi essa a palavra usada. A questão é que Bolsonaro não é apenas um ex-militar. Ele é o presidente da República, não é mais um deputado. Ao participar de um ato que ataca outros poderes, ele dá um caráter oficial à manifestação. Bolsonaro foi além de todos os limites aceitáveis.

Nesta manhã o presidente Jair Bolsonaro tentou apagar o que disse na véspera. É o que ele faz com frequência, radicaliza e depois muda o tom.

Na saída do Palácio da Alvorada, uma pessoa sugeriu fechar outros poderes. “Não tem que fechar nada, dá licença aí. Aqui é democracia, aqui é respeito à Constituição brasileira. E aqui é a minha casa e a tua casa, peço por favor que não fale isso aqui.” Alí não, mas na frente do Exército pode? Bolsonaro entra em contradição até quando tenta se explicar.

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