Porto Alegre, sábado, 16 de novembro de 2024
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Opinião: Não sejamos hipócritas; por Roberto Rachewsky*

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Paulo Guedes e integrantes da Equipe econômica. Foto: Agência Brasil

Todos os liberais que eu conheço, assim como eu mesmo, sempre citam o caso do Chile como exemplo de sucesso do liberalismo econômico.

A mesma coisa fazemos com relação à China, todos os liberais que eu conheço aplaudem o fato incontestável do Partido Comunista Chinês ter aderido às ideias liberais na economia, abrindo o seu mercado, respeitando como nunca fizeram a livre iniciativa e a propriedade privada, tirando centenas de milhões de pessoas da miséria absoluta em pouco mais de três décadas, ainda que o governo mantivesse o controle absoluto sobre as decisões políticas e cerceasse de forma totalitária a liberdade de expressão.

É bom que se diga que tanto no caso chileno, quanto no caso chinês, os liberais nunca deixaram de fazer ressalvas ao comportamento violento do General Pinochet, responsável por permitir que essas ideias fossem colocadas em prática, assim como nunca se omitiram de criticar as arbitrariedades dos dirigentes do governo chinês.

Uma coisa precisa ser bem entendida, os liberais que trabalharam no governo Pinochet limitaram o poder do ditador ao desestatizarem e liberalizarem a economia chilena, separando-a do estado em grau nunca antes visto na América do Sul no século XX.

A mesma coisa aconteceu na China com Deng Xiaoping, quando este decidiu acabar com o comunismo para adotar um sistema de economia mista que, durante muitos anos, flertou com um regime capitalista laissez faire.

No Brasil, vínhamos tendo, pela primeira vez na história da República, a perspectiva concreta de um governo com forte inclinação para uma economia de mercado. É bom destacarmos que aqui o capitalismo nunca deu o ar da graça. O mais incrível é que essa possibilidade de reduzir a presença do estado na economia se materializou através da eleição de um político que sempre foi avesso ao liberalismo.

O papel dos nossos amigos liberais no governo Bolsonaro, liderados pelo ministro Paulo Guedes, é o mesmo daqueles que trabalharam no Chile e na China no final dos anos 70 e início dos anos 80, proteger a população das investidas autoritárias do governo sobre suas vidas, sua liberdade, sua propriedade e o seu desejo particular de realizar seus sonhos.

Nessa tempestade de proporções inéditas que vivemos com crise na saúde, crise econômica e crise política, seria recomendável que os liberais no governo não abandonassem o barco.

Se Bolsonaro for o que dizem, corrupto, insano, irresponsável, mais uma razão para nossos amigos liberais se manterem nos seus postos e usarem a coragem que têm e a experiência que ganharam, para lutar por uma causa que é muito maior que Bolsonaro.

Os liberais estão no governo por um único propósito, proteger os indivíduos do furor regulatório e tributário do governo, causa primária da insegurança jurídica, da instabilidade política, do empobrecimento econômico e pior, do desperdício da oportunidade de se buscar a própria felicidade na única vida que temos.

 

*Roberto Rachewsky, Empresário