Porto Alegre, domingo, 17 de novembro de 2024
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Incêndio subterrâneo em área de proteção ambiental é controlado com união de profissionais

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Helicópteros da Polícia Civil e da Brigada Militar foram utilizados para eliminar o incêndio na área de preservação ambiental - Foto: Ascom Sema

Depois de quase um mês de trabalho, o fogo subterrâneo que atingiu a Área de Proteção Ambiental Banhado Grande (APABG), na região metropolitana de Porto Alegre, foi controlado na terça-feira (28/4). A APA é uma das unidades de conservação administradas pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e abriga os biomas Pampa e Mata Atlântica, além de parte da bacia hidrográfica do rio Gravataí.

Pela importância da APA para a manutenção dos ecossistemas, uma força-tarefa foi criada sob coordenação da Sema, com o objetivo de unir forças a partir do apoio de diversas entidades nos trabalhos de combate ao fogo que se alastrava devagar e silenciosamente pela área de 4,5 mil hectares que compreende o Banhado Grande e o Banhado Chico Lomã, entre os municípios de Glorinha, Gravataí, Viamão e Santo Antônio da Patrulha.

Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Brigada Militar e Defesa Civil estiveram presentes desde o início das chamas, em 5 de abril, dando apoio com pessoal e com recursos materiais, como helicóptero. Outras entidades, como Instituto Chico Mendes (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), Exército e Ministério Público Estadual, se uniram ao comitê de prevenção e combate criado no último dia 23, a partir da Portaria Sema Nº 65/2020.

De acordo com o secretário Artur Lemos Júnior, “essa rede formada por profissionais qualificados fez a diferença no auxílio à Sema durante o combate e, agora, no monitoramento. O grupo mostrou como as diferentes competências são fundamentais, envolvendo estudo, técnica, trabalho operacional e logística”.

Mais de cem pessoas se envolveram direta ou indiretamente, estima a gestora da APA, Letícia Vianna. Segundo ela, o fogo está controlado, no entanto, cerca de 900 hectares foram queimados. “Agora sobrevoamos a área com drones e, quando diagnosticamos um local com possível risco, acionamos o helicóptero da Polícia Civil para despejar água. É a soma de competências e peculiaridades que tem apresentado sucesso efetivo neste combate”, destaca Letícia.

Rede de apoio

O fogo subterrâneo, como o que ocorreu na APA Banhado Grande, é um fenômeno raro no país. Os focos se propagam nas camadas de húmus ou turfa, abaixo da superfície do solo, muitas vezes não apresentam chamas e são de difícil detecção. O fato de o banhado estar praticamente seco em função da estiagem foi um dos fatores para que o fogo se alastrasse, explica o diretor do Departamento de Biodiversidade da Sema, Diego Pereira. “Uma camada de palha é formada na subsuperfície do solo. Ela se chama turfeira e faz com que o incêndio permaneça, dificultando o combate. Neste momento, ter muitas entidades envolvidas e somar conhecimentos com cada equipe é fundamental para vencermos”, ressalta.

Conforme o coordenador regional da sede da Defesa Civil em Santa Maria, tenente-coronel Jacob Aristeu Pinton, a equipe está acostumada a atuar de forma integrada. “Normalmente estamos presentes nestas situações, principalmente quando municípios pequenos não dispõem de estrutura para a ocorrência. Monitoramos o local, acionamos mais voluntários e fazemos a ponte entre vários órgãos, propondo ações coordenadas”, disse.

Neste caso, a chamada veio pelo Corpo de Bombeiros, que teve um papel fundamental nos trabalhos por terra com o uso de batedores, abafadores, sopradores e bombas costais. Em um segundo momento, foram utilizados aceiros – abertura na vegetação para impedir a propagação do fogo – em virtude dos fortes ventos que prejudicavam o combate.

A atuação das equipes foi ainda mais efetiva com o apoio da aeronave da Polícia Civil no lançamento de água. “Durante o incêndio, dividimos a equipe entre aqueles que pilotam a aeronave e os colegas que acompanham a ação por terra”, explica o delegado Carlos Iglesias. Além do helicóptero, a Polícia Civil manteve uma equipe junto ao caminhão tanque para abastecer a aeronave, otimizando o tempo de atuação.

O apoio da Brigada Militar ocorreu por meio do 1º Batalhão Ambiental, que enviou seus representantes, equipamentos e também um helicóptero. O comandante batalhão, major Maurício Ricardo Vieira Flôres, destaca a importância da integração: “A operação conjunta soma esforços no combate, seja ele qual for. É muito importante essa união na proteção do meio ambiente e, por meio dela, temos conquistado resultados efetivos na diminuição dos focos de incêndio”.

A equipe da Sema segue monitorando a situação do fogo e acompanhará a recuperação dos ecossistemas de banhados para que as condições da flora sejam restabelecidas. “Só estaremos realmente livres do fogo quando houver uma quantidade expressiva de chuva, mas, por enquanto, não há previsão. Então é o trabalho integrado que fará a diferença”, projeta Letícia.