Questionado pelos parlamentares da comissão mista que acompanha as medidas econômicas relacionadas à pandemia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou as reformas estruturais como o caminho para a retomada econômica após essa primeira onda de Covid-19.
Aos que rebateram com a necessidade de investimentos públicos, Guedes disse que não tem problema em “inverter a marcha” se necessário, mas disse que as coisas não podem se transformar em uma “farra eleitoral”. Ao longo da reunião, ele também acenou com a possibilidade de extensão do prazo do auxílio emergencial.
Apesar de reconhecer que o mundo inteiro passará dificuldades, Guedes disse que confia nas reformas para atrair recursos para o processo de retomada da economia. “Se prosseguirmos com as reformas, virão centenas de bilhões de investimentos em saneamento, petróleo e gás – o choque da energia barata -, infraestrutura, setor elétrico. Tudo isso está pronto para ser disparado, se nós avançarmos. Independente disso, o governo também vai dar um empurrão na economia”, disse.
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) colocou em dúvida a vinda de recursos estrangeiros. “Eu pergunto ao ministro se ele acredita mesmo que é possível reconstruir uma nação baseado no capital estrangeiro. Eu acho muito difícil. O Brasil resolver seus problemas, em especial de infraestrutura, saneamento básico, problema rodoviário, de moradia… com capital estrangeiro”. Lopes sugeriu o uso das reservas em dólar para investimentos.
Guedes afirmou que o setor público já é deficitário; mas que, caso necessário, não terá dificuldade em tomar um caminho diferente do que tem defendido desde o começo do governo. “O Banco Central pode sim emitir muita moeda e pode sim comprar a dívida interna. Ele pode comprar porque se a taxa de juros for muito baixa e ninguém quiser comprar título novo… Aí você pode monetizar a dívida sem que haja impacto inflacionário. Nós estamos atentos a todas as possibilidades”.
Farra eleitoral
O ministro Paulo Guedes se mostrou otimista com o futuro, afirmando que as exportações brasileiras para a China têm compensado a queda de outros mercados. Também comentou que a taxa de desemprego apurada pelo IBGE, de 12,2% no primeiro trimestre, que segundo ele, poderia ter sido pior caso o governo não tivesse adotado as medidas emergenciais.
“Agora, nós sabemos que o mundo espera que as reformas prossigam e que a gente tenha austeridade para entender que, numa crise de saúde, sim; não falta dinheiro para a saúde; mas isso não pode virar uma farra eleitoral”, destacou.
Ele voltou a defender ainda que o funcionalismo público também dê a sua contribuição, sem ter aumentos salariais nos próximos anos, para que o governo federal possa ajudar os estados e municípios com R$ 130 bilhões.
Auxílio emergencial
Sobre as pessoas que até agora não conseguiram receber o auxílio emergencial, Guedes disse que o programa pode ter algumas “falhas”, mas que conta com o espírito solidário dos brasileiros para que uns ajudem os outros com os procedimentos de acesso. O ministro explicou que o auxílio emergencial pode ser estendido se necessário, mas lembrou que a produção essencial tem que ser mantida até para que as pessoas tenham o que comprar com o dinheiro.
Ao responder sobre a possibilidade de revisão do teto de gastos das despesas públicas, Guedes afirmou que a medida poderia ser mal recebida pelos investidores, fazendo com que as taxas de juros subissem.
A comissão mista aprovou que sejam realizadas audiências públicas com vários ministros, como os da Saúde, Nelson Teich, e da Casa Civil, Walter Braga Netto. (Agência Câmara)