Assim que atravessou a porta giratória, o jovem chamou a atenção de todos na agência do banco Bradesco no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, em uma tarde de 2019. Levava uma mochila nas costas, um saco de lixo preto em uma das mãos e uma grande sacola de plástico na outra. No caixa, abriu mochila, saco e sacola, exibindo milhares de notas amarfanhadas de 2, 5, 10 e 20 reais. Um total de 402,5 mil reais, depositados na conta do próprio jovem (314,7 mil reais) e na conta de uma empresa de venda de peças para veículos da Zona Norte da cidade (87,8 mil reais).
A bizarrice da cena, no entanto, cessava naquele instante. Com o dinheiro nas contas bancárias, começava um sofisticado e complexo esquema de lavagem dos milhões de reais que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) lucra todos os meses com o tráfico de cocaína e maconha por todo o Brasil. Uma vez no sistema bancário, o dinheiro viaja por dezenas de contas de empresas, muitas delas de fachada, ou de laranjas, até que, limpo de todos os vestígios do crime, termina investido em novas empresas, imóveis e veículos, ou então retorna para as mãos dos “irmãos” do PCC, para financiarem novas ações criminosas. Em apenas quatro anos, o esquema, articulado entre 30 pessoas físicas e 78 empresas, entre holdings, postos de combustível, transportadoras e revendedoras de peças para veículos, movimentou 32 bilhões de reais, segundo investigação da Polícia Federal. Para efeito de comparação, as lojas Havan movimentaram valor semelhante no período.
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