O espanhol Juan Fernández Krohn relata sua tentativa de assassinato sem alterar sua expressão nem o volume de sua voz. Na verdade, demonstra um pouco de tédio: já contou a história centenas de vezes. Apesar disso, seu caso é pouco conhecido na Espanha. E, aos 71 anos, a memória lhe prega algumas peças. Ele faz longas pausas para lembrar detalhes do caso pelo qual seu nome está nos arquivos de jornais. Já se passou muito tempo desde aquele 12 de maio de 1982. Desde seu gesto em Fátima, Portugal, a expressão solene com que se refere ao seu objetivo fracassado de matar o papa João Paulo II, a quem acusava de ser um agente comunista infiltrado no Vaticano para destruir a Igreja católica.
Naquele dia, Krohn chega de trem ao santuário português, vindo de Paris. Carrega uma maleta onde guarda uma baioneta de 37 centímetros, a arma com a qual pretende cometer o crime. Perambula durante horas pela esplanada que o Pontífice deve atravessar, estudando o melhor lugar para atacá-lo. Quando a comitiva finalmente se aproxima, encontra o espaço que procura, infiltra-se no séquito vestido de sacerdote, camuflado entre os fiéis, e insiste para que lhe abram caminho para beijar o Papa. É detido a poucos centímetros de que a ponta afiada de sua baioneta rasgue a pele do religioso polonês.
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