Sir Thomas Sean Connery Kt., morreu hoje aos 90 anos. Nascido em Edimburgo, 25 de agosto de 1930, faleceu nesse sábado nas Bahamas. O ator escocês ganhou notoriedade mundial ao interpretar desde a década de 1960 o papel no cinema do agente secreto do MI6 britânico, James Bond, criado pelo escritor Ian Fleming. Mas, ele fez bem mais que isso, algumas coisas antes de 007 e muitas, muitas mesmo depois…
Nos mais de sessenta anos de estrelato, Connery construiu uma sólida carreira cinematográfica após deixar o personagem de 007 em 1971, estrelando filmes importantes e populares nos anos seguintes como The Man Who Would Be King (br: O Homem que Queria Ser Rei), Der Name der Rose (br: O Nome da Rosa), Indiana Jones and the Last Crusade (Indiana Jones e a Última Cruzada), The Untouchables (Os Intocáveis) e The Hunt for Red October (br: Caçada ao Outubro Vermelho), entre outros. Por sua contribuição às artes cinematográficas e ao Império Britânico, foi sagrado Sir pela rainha Elizabeth II em 2000, apesar de ao longo de toda a vida ter lutado pela causa da Independência da Escócia (Scotland) do Reino Unido. Faleceu em 31 de outubro de 2020 aos 90 anos.[3]
Filho de pai católico e mãe protestante, Connery começou a vida como leiteiro em sua terra natal e até ter sua primeira oportunidade na vida artística, num musical chamado South Pacific, serviu na Marinha Real, foi motorista de caminhão e modelo vivo para artistas do Colégio de Artes de Edimburgo. Nesta época ele foi terceiro colocado no concurso de Mister Universo de onde, através da insistência de um amigo, saiu para fazer os testes para a peça, que acabou lhe abrindo o caminho para o trabalho de ator nos palcos, na televisão e nas telas de cinema.
Após trabalhos menores no cinema e na televisão inglesa, entre o fim dos anos 50 e começo dos 60, Connery chegou à fama internacional na pele do agente James Bond no filme 007 Contra o Satânico Dr. No em 1962, que inauguraria a mais bem sucedida e longeva série cinematográfica, que em 2012 completou 50 anos, e da qual Connery fez seis filmes oficiais, marcando o personagem de maneira definitiva.
Em 1971, depois de Diamonds are forever (007 Os Diamantes são Eternos), Connery deixou o personagem (por apenas doze anos, já que voltaria a ele em 1983, no filme Never Say Never Again (007 Nunca Diga Nunca Outra Vez), uma refilmagem de 007 Contra a Chantagem Atômica, feita numa produção de menor qualidade e com um Connery já envelhecido e que se revelou um fracasso de crítica e de bilheteria) para investir numa carreira mais diversificada.
A partir do sucesso de O Homem que Queria Ser Rei em 1975, dirigido por John Huston e co-estrelado por seu amigo Michael Caine, sua carreira entrou em ascensão em qualidade e diversidade, fazendo com que Connery se tornasse o único de todos os atores que interpretaram o papel de espião favorito de Sua Majestade a conseguir isso. Nas décadas seguintes, Sean estrelaria sucessos como Highlander, Robin e Marian, O Nome da Rosa, Indiana Jones e a Última Cruzada, Armadilha, A Rocha, Caçada ao Outubro Vermelho, e coroaria a carreira com o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua atuação em Os Intocáveis, com Kevin Costner e Robert de Niro, em 1987, numa cerimônia em que foi aplaudido de pé ao por todos presentes no Dorothy Chandler Pavillion, local da festa de entrega dos prêmios da Academia na época.
Nos últimos anos, após o fracasso comercial e de crítica de seu último filme, The League of Extraordinary Gentlemen (A Liga Extraordinária) Connery manteve-se afastado do cinema, em parte por sua decepção com o sistema de Hollywood, bem como por sua alegada declaração de que se concentra em escrever um livro sobre sua vida.
Vida pessoal
Sean Connery foi casado por onze anos (entre 1962 e 1973) com a atriz australiana Diane Cilento, com quem teve um filho, Jason Joseph, nascido em janeiro de 1963. Foi um relacionamento conturbado e amargo que levou a atriz a escrever uma autobiografia retratando Connery como um péssimo marido. Desde 1975 ele estava casado com a artista franco -tunisiana Michelline Roquebrune Connery. Até sua morte, vivia com a mulher em Nassau, nas Bahamas.
Em uma entrevista em 1965, Sean admitiu já ter batido em mulheres. “Não penso que haja nada particularmente errado em bater em uma mulher, embora eu recomende não o fazer da mesma forma que se faria com um homem. Um tapa aberto é justificável se todas as alternativas falharam e houve alertas suficientes”, disse. “Se uma mulher age como uma vaca, ou está histérica, ou irritante continuamente, então eu faria. Penso que um homem deve estar à frente das mulheres”. Vinte anos depois, ele sustentou esse pensamento em entrevista ao programa de Barbara Walters. “Não mudei minha opinião”, disse. “Não penso que é tão ruim, penso que depende inteiramente das circunstâncias, se há merecimento. Se você tentou tudo antes — e mulheres são muito boas nisso — e elas não querem deixar quieto e têm que dar a última palavra, então você dá a última palavra a elas. Mas se elas não ficam satisfeitas mesmo assim e querem levar o assunto de forma provocativa… Então, penso que é absolutamente correto”.[4]
Connery foi um dos maiores apoiadores e colaboradores financeiros do Partido Nacional Escocês, que luta pela independência da Escócia. Metade do seu cachê em 007 Os Diamantes São Eternos (na época, 1971, o maior já pago a qualquer ator de cinema, para que ele voltasse ao papel de Bond) foi doado ao partido e para ajuda a crianças carentes da Escócia. A Escócia tem hoje um parlamento próprio e Connery acreditava que ela se tornaria independente da Grã-Bretanha ainda durante sua vida. Seu apoio ostensivo a esta causa fez com que sua sagração a Cavalheiro do Reino Unido da Grã-Bretanha, que lhe deu o título de Sir, fosse adiada por muitos anos.
Após receber a Legião de Honra do governo francês em 1991, ele foi finalmente agraciado com o título de Sir pela Rainha Elizabeth II, em 5 de julho de 2000, numa cerimônia que, a seu pedido, foi realizada na Escócia e à qual compareceu vestido com um traje típico escocês, um kilt de caça do clã MacLean.
Contudo, seu patriotismo pela Escócia foi bastante questionado por opositores políticos na Grã-Bretanha, já que Connery se mudou de lá para fugir das pesadas taxas de imposto de renda do país.
Connery passou por duas importantes cirurgias: em 1993, foi obrigado a se submeter à radioterapia para eliminar nódulos na garganta e, em 2003, operou os dois olhos de catarata. (Wikipedia)