Porto Alegre, domingo, 06 de outubro de 2024
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Os ultraortodoxos da tribo rebelde haredi inflamam Israel; El País

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Os choques dos religiosos com a polícia por desobedecerem as restrições da pandemia ameaçam o modelo de coexistência com a maioria laica do Estado judeu. Protesto de ultraortodoxos contra o confinamento, na terça-feira, no bairro de Mea Shearim, em Jerusalém.AHMAD GHARABLI / AFP

Israel tem um ardente problema interno. O modelo de coexistência entre a maioria judaica laica e religiosa moderada e a minoria ultraortodoxa foi quebrado durante a pandemia. Os haredis, que representam 13% da população do país, respondem por mais de um terço dos contágios, enquanto a taxa de infecções aumenta apesar da acelerada campanha de vacinação.

Basta dar alguns passos pelo bairro de Mea Shearim, feudo dos ultrarreligiosos no coração de Jerusalém, para constatar que muitos deles não usam máscara nem mantêm distância física. Suas yeshivas (escolas talmúdicas) e sinagogas estão lotadas em meio ao rigoroso confinamento geral. Nos últimos dias, a intervenção das forças de segurança para aplicar as restrições sanitárias desencadearam enfrentamentos sem precedentes na história recente, com queima e destruição de ônibus e paradas de bonde em sucessivas noites de distúrbios. Um policial teve que disparar para o alto ao ser rodeado por uma multidão de jovens em Bnei Brak, bastião dos religiosos na área metropolitana de Tel Aviv.

“Se a estrutura de relações entre o Estado e a comunidade ultraortodoxa não mudar, Israel está fadado ao colapso”, prevê o colunista Ben-Dror Yemini, no jornal Yedioth Ahronoth. “A explosão de violência é apenas uma pequena parte da questão”, argumenta. “Os enormes subsídios estatais, a deficiente educação religiosa, os fugitivos do serviço militar ―esses são os problemas derivados da capitulação de uma maioria não confessional ante os líderes espirituais haredis.”

A disputa entre laicos e religiosos é tão antiga quanto o Estado de Israel. Desde a era fundacional de David Ben Gurion, em 1948, os estudantes das yeshivas ficaram isentos de servir no Exército. Além disso, o comércio, a hotelaria e o transporte público suspenderam suas atividades durante o shabat, o dia do descanso judaico. Década após década, o choque entre os dois estilos de vida gerou episódios de tensão. Há 73 anos, os ultraortodoxos eram pouco mais de 4% da população. Graças ao seu vertiginoso crescimento demográfico ―é comum ver famílias de sete ou oito filhos em seus distritos―, a previsão é que superem os 20% em 2040.

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