Os empresários gaúchos dos setores da gastronomia, hotelaria, turismo, comércio, varejo e eventos entraram em consenso a respeito da defesa do sistema de cogestão do distanciamento controlado, especialmente em Porto Alegre, mas também abrindo apoio à cogestão em todos os municípios do Rio Grande do Sul. Para as lideranças empresariais, os prefeitos foram eleitos democraticamente e precisam ter a liberdade de gerir as medidas de controle, focadas na situação de cada localidade.
Em um manifesto assinado por 12 entidades, as lideranças empresariais alertam para os “recursos esgotados”, indicando a delicada situação econômica dos setores. Os empresários estiveram reunidos, na manhã deste sábado (20), em encontro virtual emergencial, convocado pelo Sindha – Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região, com a presença do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e seu vice, Ricardo Gomes, para tratar da atual situação. Participaram, além dos empresários, a equipe do executivo municipal ligada à Secretaria de Saúde e ao comitê de enfrentamento da covid-19.
“Temos um quadro que é, sim, crítico. Todo esse cenário é preocupante e entendemos que medidas enérgicas precisam ser tomadas, mas não podemos ser penalizados. Entendemos que a cogestão da Prefeitura precisa prevalecer, não podemos abrir mão dessa independência do município, isso deverá garantir medidas sensíveis aos setores. Estamos pagando um preço muito alto há bastante tempo e queremos trabalhar de forma consciente, responsável e organizada. Os focos de disseminação não estão nos restaurantes e nem nas lojas do comércio. Não somos a origem dessa crise sanitária, aliás, não existem culpados, a não ser aqueles que desrespeitam os pontos básicos de prevenção”, afirma o presidente do Sindha, Henry Chmelnitsky.
“O Sindilojas Porto Alegre apóia integralmente a prefeitura e o sistema de cogestão. Nossos estabelecimentos têm mantido todos os cuidados e seguido todos os protocolos sanitários para um atendimento seguro, e continuaremos assim. Já estivemos quatro meses fechados e as empresas ainda estão em dificuldade, pagando o prejuízo. Uma nova restrição seria catastrófica”, alerta o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse.
“O comércio e o varejo não podem, mais uma vez, serem penalizados. O momento é de mobilização total da sociedade para evitar impactos ainda maiores nos negócios. Trabalhamos de forma consciente, seguindo à risca os protocolos estabelecidos e realizando campanhas de reforço para que todos cumpram as orientações das autoridades. A disseminação da doença não está ocorrendo no varejo. A responsabilidade precisa ser de todos. O respeito aos protocolos é obrigação de toda a sociedade. Estamos em diálogo permanente junto à Prefeitura, construindo alternativas que viabilizem as atividades econômicas nesse período. É fundamental que o modelo de cogestão permaneça e esse canal siga aberto de forma construtiva e colaborativa”, destaca o presidente do CDL/POA, Irio Piva.
“Com a cogestão, quando voltarmos para bandeira vermelha, temos, mesmo que não ideal, uma boa luz no final do túnel. Na bandeira preta, essa luz diminui bastante, porém ainda está acesa, quase que um lampião enfraquecido. Agora, se o governador derrubar a a cogestão, ficaremos no breu. O setor de eventos, que sangra de maneira ‘dantesca’, vai todo parar na UTI e muitos não voltarão mais, fecharão suas portas para sempre. Por isso, nosso apoio incondicional a este manifesto e ao prefeito Sebastião Melo”, ressalta um dos líderes do Grupo de Live Marketing do RS, Rodrigo Machado.
Confira o manifesto na íntegra:
Manifesto em defesa do modelo de cogestão do distanciamento controlado no Rio Grande do Sul
Diante da decisão recente do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em alterar as bandeiras do mapa preliminar de distanciamento controlado no RS, as entidades, que representam setores fundamentais da nossa economia, abaixo assinadas, manifestam-se em defesa do modelo de cogestão do distanciamento controlado, especialmente no município de Porto Alegre, mas também em apoio à manutenção do sistema nos demais municípios do Rio Grande do Sul.
Compreendemos que a cogestão representa a tomada de decisões focada nas particularidades de cada localidade e que, respeitando o exercício democrático que elege representantes municipais a partir do voto popular, garante a adoção de protocolos de bandeira inferior à atual vigente, dando autonomia e atribuindo confiança nas decisões de cada gestor municipal.
Ainda, com a cogestão, todas as análises e dados epidemiológicos de cada cidade seguem sendo levados em consideração, assegurando o distanciamento interpessoal e as normas de higienização, mas não temos mais ambiente possível para assumir o ônus da bandeira preta em nossa Capital Gaúcha.
Nossos recursos estão esgotados. Medidas econômicas que anteriormente garantiam fôlego às nossas operações já não fazem mais parte de nossa realidade, e não temos condição alguma de arcar com os impactos de medidas que imponham restrições duras de funcionamento, suspendendo atendimentos presenciais ao público, reduzindo capacidade de atuação e bloqueando operações e realizações de eventos, por exemplo, entre outras consequências.
Pedimos um especial destaque nesta mensagem: não temos condições de fechar as portas. Não temos condições de reduzir ou realizar adaptações em nossas operações. Não há recursos, estoques ou meios para que isso aconteça. Este é um relato profundo e sincero de profissionais que encontram-se no limite. Estamos à beira de um colapso na economia gaúcha e não podemos correr estes riscos.
Reiteramos que os setores empresariais não são culpados por esse novo aumento de contágio do Coronavírus. Nossos estabelecimentos não são fontes propagadoras do vírus e, desde o início da pandemia, estamos tomando todos os rigorosos cuidados com protocolos de higiene e sanitização para preservar a nossa saúde, de nossos funcionários e de nossos clientes, oferecendo ambientes seguros. Portanto, não podemos pagar a conta – que é extremamente cara – desse momento.
Entendemos também que os poderes precisam estabelecer critérios firmes de combate às aglomerações que, conforme foram constatadas por toda a sociedade gaúcha, acontecem, sobretudo, nas praias e nas festas clandestinas. Além disso, as testagens rápidas precisam ser ampliadas, de modo que tenhamos um diagnóstico em tempo real da contaminação e que os agentes de saúde possam agir de forma assertiva e urgente nos tratamentos destes infectados.
Por fim, pedimos que a população assuma seu importante papel na ação rápida de enfrentamento deste grave momento, realizando a manutenção das atitudes que podem preservar vidas e colaborar com a continuidade de nossas atividades, evitando grandes aglomerações, fazendo o uso contínuo e correto da máscara e realizando constante higienização das mãos.
Todos esperamos pelo fim da pandemia, mas somente a ação coletiva nos colocará mais próximos deste objetivo. A cogestão do distanciamento controlado por parte das prefeituras precisa prevalecer, em nome de um horizonte minimamente viável e consciente para cada cidade do nosso Estado.
Assinam o manifesto:
Sindha – Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região
SHPOA – Sindicato de Hotéis de Porto Alegre
Sindilojas Porto Alegre
CDL/POA – Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre
Fecomércio-RS
Abrasel no RS – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes
Convention & Visitors Bureau de Porto Alegre e Região Metropolitana
Grupo de Live Marketing do RS
ACCB – Associação dos Comerciantes da Cidade Baixa
AGEPES – Associação Gaúcha de Empresas e Profissionais de Eventos
ABIH RS – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Sul
Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Erechim
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