Depois da abertura oficial, aconteceu o painel “Detox Digital”, com o roteirista e cineasta Cláudio Manoel, o CEO do portal Além da Facul, Luis Vabo, e o médico psiquiatra Ítalo Marsili. A mediação foi do vice-presidente do Instituto de Estudos Empresariais, Gabriel Torres, e da diretora de comunicação da instituição, Paola Magnani. O encontro tratou da “overdose informacional” que se vive hoje em dia, em um mundo com um fluxo infinito e permanente de atualizações.
Professor e CEO do portal Além da Facul, Luis Vabo entende que, em um mundo no qual o tempo médio de concentração é de oito segundos, a atenção das pessoas é valiosa e custa caro para empresas e influenciadores que trabalham com a internet. Diante desta realidade, o educador destaca que a única saída é fazer uma autogestão do “vício” no tempo de uso das ferramentas tecnológicas buscar viver o momento. – A única possibilidade de gestão e controle é sobre nós mesmos. Temos que ser protagonistas das nossas vidas. O desafio é voltar para o presente – afirma Vabo.
Ítalo Marsili é médico e fez residência em psiquiatria. O especialista destacou, em sua fala, que a alta exposição da população a pornografia e jogos/atividades gamificadas faz com que as pessoas recebam doses de dopamina (neurotransmissor que provoca sensação de prazer) equivalentes às de usuários de entorpecentes, o que faz com que o indivíduo fique dessensibilizado com ações cotidianas, da “vida real”. A busca incessante pela recompensa e pela satisfação acaba, assim, afastando as pessoas umas das outras e aproximando-as do mundo digital. – A interação digital é profundamente egoísta. Em um mundo angustiado, paranoico, é um caminho natural você conviver com seu egoísmo na tela do seu Instagram, de forma anônima, em vez de se defrontar com sua esposa, seu filho. Temos que bater nisso: cuidado com seu egoísmo, sua transferência de problemas. Sua angústia levada para a internet só piora tudo, lhe torna uma pessoa mais egoísta, fechada em si mesma – observa Marsili.
O roteirista e cineasta Cláudio Manoel, que tem em sua trajetória os programas ligados ao grupo “Casseta & Planeta”, destacou a mudança da condição dos indivíduos para “veículos de comunicação”, em um mundo no qual todos consomem, produzem e transmitem conteúdos em suas redes sociais. Ele aponta, ainda, o que chama de “fim do perdão”, com linchamentos virtuais cometidos, muitas vezes, por delitos leves cometidos pelas pessoas no dia a dia. – Ao mesmo tempo em que é maravilhoso, é infernal isto de sermos um veículo de comunicação. Passamos por experiências, mudanças profundas, rápidas, inéditas, e o que era privado passou a não ter garantia nenhuma de ser. Estamos imersos neste novíssimo mundo e, com ele, há novíssimas agonias, também – conclui Manoel.
