Porto Alegre, quinta, 17 de outubro de 2024
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Bolsonaro chama FHC de cara de pau e sugere financiar MST para que invada fazenda do ex-presidente; Folha de São Paulo

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Pressionado por CPI da Covid, presidente também atacou parlamentares, governadores, Lula e disse que voltou a tomar cloroquina, mas sem consultar seu médico. Evaristo Sá/AFP

 

 

Sob a pressão dos depoimentos prestados à CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) seguiu o roteiro de radicalizar o discurso em sua live da noite desta quinta-feira (20).

Além de xingar os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), governadores e senadores da comissão parlamentar de inquérito, disse que voltou a ter sintomas de infecção pelo coronavírus e tomou cloroquina sem consultar seu médico.

Logo no início da transmissão, Bolsonaro reagiu a uma entrevista de FHC ao programa Conversa com Bial, da TV Globo. Nela, o tucano disse que votaria em Lula em segundo turno contra Bolsonaro.

Ao abordar o assunto, Bolsonaro lembrou que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu uma fazenda da família de FHC no interior de Minas Gerais, em 2002. O atual presidente disse, em tom de ironia, que tinha vontade de financiar uma nova invasão.

“O campo não podia mais continuar em guerra como vimos até antes do governo [Michel] Temer [2016-2018]. O próprio PT, no governo Lula e Dilma, foram recordistas [sic] em invasões de terra. Até no governo FHC também existia isso. Até teve uma passagem bastante notória naquele momento, que invadiram a fazenda do Fernando Henrique Cardoso. Esse FHC que está dizendo agora que vai votar no Lula. Olha a cara de pau. Esse cara de pau FHC dizendo que agora vai votar no Lula. Dá uma vontade de soltar um dinheirinho para o MST da região da fazenda do FHC para o pessoal invadir de novo lá, quem sabe ele aprenda”, disse Bolsonaro.​

Bolsonaro referiu-se a Lula como “ladrão de nove dedos” e disse que “onde tem PT, tem roubo”, mas os xingamentos também envolveram outras pessoas.

O presidente da República chamou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B) de “comunista gordo” e atacou também integrantes da CPI da Covid, citando nominalmente os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão, Humberto Costa (PT-PE), Eduardo Braga (MDB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM).

“Aquele pessoal que acompanha o relator integra uma verdadeira súcia”, afirmou Bolsonaro, mencionando a palavra que define uma reunião de pessoas de má índole ou de má fama ou, como disse Bolsonaro, o coletivo de vagabundos. O presidente também referiu-se a senadores como jumentos.

No contexto da CPI, elogiou apenas o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde que, em dois dias de depoimentos, distorceu informações e reforçou omissão do governo federal na crise da falta de oxigênio em Manaus.

“Pelo que fiquei sabendo agora, o Pazuello foi muito bem. Mas a CPI continua sendo um vexame nacional. Não querem investigar o desvio de recurso. Querem falar sobre —não vou falar o nome aqui para não cair a live— aquele negócio que o pessoal usa para combater a malária e eu usei lá atrás”, disse Bolsonaro em menção à cloroquina.

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