Porto Alegre, terça, 26 de novembro de 2024
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Desmatamento de Mata Atlântica cai 9% no país nos últimos 2 anos. Dados do Inpe mostram redução em relação a 2018-2019

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Oito estados estão em condição próxima ao desmatamento zero, ou seja, menor de 100 hectares. Foto: Arquivo/Agência Brasil

 

 

 

Foram desflorestados 13.053 hectares (130 quilômetros quadrados) da Mata Atlântica em todo o país no período 2019-2020, o que representa uma redução de 9% em relação a 2018-2019, quando houve desmatamento de 14.375 hectares. Apesar dessa queda, o valor representa um crescimento de 14% em relação a 2017-2018 (11.399 hectares), quando foi registrado o menor valor da série histórica.

Os dados são do Atlas da Mata Atlântica, lançado nesta quarta-feira (26) e elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora o bioma desde 1985. A Mata Atlântica está presente em 17 estados do país e atualmente existe 12,5% da floresta que existia originalmente no Brasil.

Segundo o diretor de Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, no que se refere à Mata Atlântica, o desmatamento de 13 mil hectares é muito, porque se trata de uma área onde qualquer perda impacta imensamente a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos, como regulação do clima e disponibilidade e qualidade da água.

Oito estados estão em condição próxima ao desmatamento zero, ou seja, menor de 100 hectares. Alagoas, Ceará, Goiás, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. No período de 2017-2018 e de 2018-2019, nove estados apareciam com menos de 100 hectares desflorestados, sendo esses mesmos oito mais São Paulo.

Os três estados que mais desmataram no período anterior (2018-2019) seguem no topo do ranking, embora tenham mostrado ligeiras reduções em seus índices: Minas Gerais (de 4.852 para 4.701 hectares, queda de 3%), Bahia (de 3.532 para 3.230 hectares, queda de 9%) e Paraná (de 2.767 para 2.151 hectares, queda de 22%). Seguidos de Santa Catarina (de 710 para 887) e do Mato Grosso do Sul (de 375 para 851), respectivamente o quarto e o quinto da lista no período 2019-2020.

No Rio de Janeiro e no Mato Grosso do Sul, o desmatamento mais do que dobrou, registrando aumento de 106% e 127%, respectivamente. No RJ, a área desmatada passou de 44 para 91 hectares, enquanto no MS foi de 375 para 851 hectares. Os outros estados que tiveram aumento no desmatamento foram Rio Grande do Sul (73%), Santa Catarina (25%), Ceará (65%) e Goiás (61%).

O aumento de áreas de Mata Atlântica desmatadas nos estados de São Paulo e Espírito Santo , entre outubro de 2019 e outubro de 2020, ultrapassou 400% na comparação com o período anterior (2018-2019). Em SP, a área desmatada passou de 43 hectares para 218. No ES, o desmatamento passou de 13 para 75 hectares.

Bioma

A SOS Mata Atlântica alerta que a manutenção do alto patamar de perda da vegetação nativa, com o crescimento do desmatamento em diversos estados, coloca o bioma em grande ameaça e reforça a necessidade de ações de restauração florestal.

Nos estados que abrangem a maior parcela de desmatamento do bioma no país, a ocupação agrícola pode ser apontada como principal vetor, enquanto em locais como São Paulo e Rio de Janeiro, onde proporcionalmente o desmatamento se mostrou alto, a SOS Mata Atlântica avalia que a pressão está no entorno das áreas metropolitanas e no litoral, ocorrendo principalmente por conta da expansão imobiliária e pelo turismo.

Segundo Guedes Pinto, o principal problema é a falta de fiscalização. “Os governos precisam fazer valer a Lei da Mata Atlântica, que não permite a conversão de áreas florestais avançadas, e garantir o desmatamento ilegal zero por meio do combate às derrubadas não autorizadas”, disse.

Agência Brasil pediu posicionamento do Ministério do Meio Ambiente e aguarda retorno. (Agência Brasil)