Porto Alegre, sábado, 19 de outubro de 2024
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Bolsonaro fez "apelo" ao governo indiano por insumo da cloroquina; Correio Braziliense

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Telegramas, transcrições de telefonemas e e-mails enviados à CPI indicam que Bolsonaro fez "apelo" ao governo indiano para a exportação do insumo, alegando "questões humanitárias". (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

 

 

A história do combate à covid-19 no governo Bolsonaro é repleta de contradições. Vão desde a defesa intransigente de medicamentos como a cloroquina, que não tem eficácia comprovada contra a doença, até a crítica a vacinas ainda sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), enquanto, nos bastidores, o próprio presidente tentava adquirir um imunizante reprovado pela agência por falta de condições higiênicas nos laboratórios. Ajudam a contar essa história os e-mails trocados por embaixadores do Brasil com a Índia e com os Estados Unidos e, até, a crise do oxigênio no Amazonas, onde integrantes da CPI da Covid investigam se houve um experimento do Executivo local e federal de imunidade de rebanho.

Se, no contexto de busca e negociação com vacinas promissoras, a CPI da Covid-19 indica que o governo federal se omitiu, em relação à demanda por exportação de cloroquina, o mesmo não ocorreu. Telegramas, transcrições de telefonemas e e-mails enviados à CPI em caráter sigiloso, e obtidos pelo Correio, mostram que Jair Bolsonaro fez “apelo” ao governo indiano para a exportação do insumo, alegando “questões humanitárias” e reivindicando em prol de duas empresas brasileiras privadas que produzem o medicamento.

A CPI acumula, até agora, 23 sessões, 19 depoimentos e 1,6 terabyte de documentos resultantes de pedidos de informação e quebras de sigilo. Senadores reclassificaram um terço desse material, que estava sob sigilo, mesmo que pudessem ser encontrados no Portal da Transparência, por exemplo. Ao todo, a comissão reclassificou 2,2 mil arquivos, sendo 1.636 documentos do Ministério das Relações Exteriores, 97 do Ministério da Saúde, 445 a respeito da crise de oxigênio ocorrida em Manaus e quatro contratos da Fiocruz. Mas o conto negacionista que os e-mails do Itamaraty revelam têm a busca por cloroquina como principal matéria-prima.

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