O maior movimento social do mundo quer fincar bandeira na meca do capitalismo: o mercado de capitais. O estandarte vermelho do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), aquele com a bandeira do Brasil sobre um fundo branco representando a paz conquistada com justiça social, onde figuram uma mulher e um homem segurando um facão —símbolo de trabalho, luta e resistência no campo—, vai tremular agora também nas carteiras de investimentos. O MST planeja captar 17,5 milhões de reais com a emissão de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), uma modalidade de título de renda fixa utilizada para financiar o produtor ou a cooperativa agrícola, que tem como lastro a economia real, ou seja, a própria produção. Na prática, pessoas interessadas em financiar as atividades do movimento podem comprar os títulos e terão, como retorno, uma remuneração pré-fixada que gira em torno de 5,5% ao ano pagos com o lucro da venda dos produtos agrícolas—mais do que a poupança, por exemplo, que rendeu de janeiro a dezembro de 2020, 2,11%.
Em todo o mundo, iniciativas para voltadas para um capitalismo consciente, um conceito que faz muitos progressistas da esquerda torcerem o nariz, ganham força como aliadas na luta contra a pobreza e a desigualdade social. Democratizar e diversificar os investimentos é uma das formas de se combater a concentração do dinheiro nas mãos de poucos, justificam os que acreditam na iniciativa. A oferta pública do MST vai aceitar aplicações a partir de 100 reais. São títulos com prazo de cinco anos, isentos de imposto de renda, podendo até ser negociados no mercado secundário da Bolsa de São Paulo (B3), a depender de sua liquidez.
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