A ‘Semana da Mulher 2022’ está chegando ao fim e eu me peguei refletindo sobre tantas reportagens legais que acompanhei com diferentes focos e personagens, de várias raças, culturas e condição social. Qual a saída para equilibrar esses perfis? Liberdade ampla, geral e irrestrita! Principalmente a liberdade econômica, que permita a todas e todos empreender. Para isso é necessário cada vez mais investir em Educação. Essa é a melhor alternativa para geração de renda e empregos no Brasil.
Sou fã declarado de várias mulheres e homens que conhecendo a história, vejo a garra e determinação com que se jogaram em seus projetos. Por isso, mais uma vez fiquei encantado com o encontro da jornalista Juliana Rosa e Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues, ou Luiza Trajano, como ficou conhecida à frente da rede varejista Magazine Luiza. Sempre que a ouço, vejo verdade em suas palavras e minha ‘fãzice’ aumenta.
Era o dia delas, e a entrevista foi agendada para ser uma conversa exclusiva entre duas grandes mulheres, mas não resisti e fiz algumas intervenções. Juliana, pisciana como eu, fã de samba e boa música, é uma das principais jornalistas de economia do país, com quem tenho o prazer de aprender diariamente, quando ela apresenta o ‘Mercado BandNews’, às 18h30, no espaço que comando o noticiário . Uma conversa entre as duas é sempre um aprendizado.
Aos 71 anos, pelo quinto ano consecutivo, Luiza Trajano foi escolhida a líder de melhor reputação no país, segundo pesquisa elaborada por uma consultoria espanhola, a Merco, que faz monitoria corporativa de referência na América Latina e Espanha. Ela é uma das fundadoras do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) e atua como conselheira em diversas empresas.
Engajada socialmente, lidera o grupo apolítico Mulheres do Brasil, que incentiva o empreendedorismo feminino e não se diz contra os homens, mas a favor das mulheres. Surgido em 2013, com 40 mulheres de diferentes segmentos, hoje possui mais de 100 mil integrantes, incluindo brasileiras que vivem no exterior.
Luiza também preside o Conselho de Administração do Magazine Luiza e o seu trabalho está inscrito como case de sucesso na Harvard Business School. Com todo esse currículo, ou apesar disso, já recusou vários convites para ingressar na política. Mesmo que ela negue, tenho a impressão que há uma possibilidade… pequena, bem pequena, mas que um projeto político que a encante pode fazer com que mude de ideia e concorra. Ano passado teve o nome listado pela revista Time: uma das 100 mulheres mais influentes do mundo. Abaixo destaco alguns pontos da entrevista, que você pode conferir na íntegra no vídeo.
Como vê o desafio econômico atual, com guerra e pandemia
“A pior coisa que poderia ter acontecido é a guerra, após dois anos de pandemia que mexeu com economia e saúde. Primeiro, é uma tristeza profunda, uma falta de entendimento, porque não se tem um diálogo de entendimento. E isso resulta nessa instabilidade que estamos vivendo nos últimos meses, acumulando o conflito com pandemia. O mercado tem alguns segmentos com maior dificuldade do que outros. E com isso, num país como o nosso, economia gerada por renda e crédito, a renda só vem através do emprego, que não surge porque faltam investimentos. Então, só posso lamentar como brasileira, empresária e cidadã do mundo. Poderá haver aumento de inflação, e pressão para medidas que reduzam o custo dos combustíveis nas bombas, o que pode resultar em elevação de juros. O juro afeta a todos e o país, para conter a inflação, tem aumentado o juro. Isso retrai o consumo e não é ruim apenas para nós, do Luiza, mas é ruim para todos. E poderíamos pensar numa forma de fazer isso sem mexer no déficit público”.
Para virar a página do baixo crescimento
“Em um ou dois anos, você não consegue mudar a economia de um país. O que o Mulheres do Brasil está propondo é um planejamento estratégico. Educação, saúde, e eu troco a palavra economia por emprego e habitação. Isso, automaticamente, gera segurança, que é outro grande problema nacional. Em 2026, em qual posição do ranking vamos desejar estar no quesito educação? O que precisa ser feito? O que iremos desejar em termos de emprego? É a única forma de sair da crise, entendo. O índice de vacinação elevado é outro fator que vai incidir nisso, desde que haja a continuidade dessa união entre sociedade e governo para enfrentar a pandemia. Até setembro, vamos trabalhar para que todos estejam vacinados. A vacina foi uma amostra do que a sociedade civil e os governos, juntos, sem buscar culpados, conseguem fazer. Não vejo outra forma, além de união e planejamento estratégico. Sai um governo e entra outro, os grandes projetos precisam seguir. O Brasil é um país acostumado a trabalhar o empreendedorismo, e estamos preparados para entrar de vez na era das Startups. É o que estamos tentando fazer e, ao mesmo tempo, apoiamos o aumento das mulheres na representação política. E não sou candidata, reafirmo isso”.
Sobre o assédio dos partidos
“Interessante, uma coisa que nunca esperei receber. Não apenas os partidos, mas também algumas pessoas me cobram o ingresso na política tradicional. Até me assusta, nunca tive pretensão de concorrer a cargo eletivo, embora seja e continuarei sendo uma pessoa política. Para mim, é ruim falar não, mas eu não sei mexer com isso e não sou disso, tenho que trabalhar no que sei fazer. Desde os 10 anos, me incomodada a questão da igualdade. Eu nunca falei que sou de esquerda, mas sou uma pessoa que sempre lutou por igualdade. Se isso for socialismo, todos nós deveríamos ser socialistas. E as redes sociais já caíram de pau em cima de mim, mais de uma vez. Se digo que sou a favor do Bolsa Família, me chamam de esquerda. Se eu me pronuncio a favor do 5G, já dizem que sou de direita. O Magazine Luiza é a favor do Brasil, independentemente de governos. E mulher é amiga de mulher, sim. Não acreditem quando disserem em contrário”.
Das mulheres com maior participação na política
“Estamos com três projetos que chamamos globais. Estive recentemente na Alemanha, vou à Suécia para falar sobre isso. O primeiro é o Ciências na Saúde, inclusive com patrocínios, porque o país tem grandes cientistas e boas universidades com projetos de ponta. O segundo chama-se Pula pra 50, que visa aumentar a representação política feminina. E o Mulheres vai entrar forte nisso. A terceira proposta é o Planejamento até 2032. Sem defender partidos, mas abraçando pautas. Temos apenas 12% de mulheres com representação nos parlamentos. Estamos lutando no Congresso para que a divisão de recursos dos fundos partidários seja equânime. O Mulheres vai batalhar pela divisão dessa grana. Eu tenho certeza de que não terá cinquenta por cento de mulheres nas nominatas partidárias, mas acredito que irá aumentar, na comparação com pleitos anteriores”.