Um grupo de negros alforriados, corajosos e visionários, fez história ao fundar em Porto Alegre, no dia 31 de dezembro de 1872, a Sociedade Floresta Aurora – a entidade negra mais antiga do Brasil. A associação de negros libertos foi criada 16 anos antes da Abolição da Escravatura no País, que ocorreu em 1888. Agora, no mesmo ano em que Porto Alegre celebra seus 250 anos, o Floresta Aurora completa 150 anos de existência, em plena atividade na capital gaúcha.
A dimensão do feito é ainda maior se for considerado o contexto do País na época, maior território escravocrata do hemisfério ocidental. Calcula-se que foram trazidos algo em torno de 5 milhões de africanos ao Brasil, fazendo do País um palco de crueldade, abusos, violência e morte.
Na Porto Alegre de 1872, a união de negros libertos tinha o objetivo de propiciar um enterro digno para os escravos, que eram então jogados em valas comuns, e também prestar assistência à viúva e aos filhos que dependiam do escravo morto. Como os negros não tinham liberdade e permissão para se reunir em público, os encontros dos alforriados eram realizados à noite, na rua Concórdia, confluência da rua Floresta com a rua Aurora (onde hoje está localizada a rua Barros Cassal e a avenida Cristóvão Colombo).
Segundo o advogado, psicanalista e ex-presidente do Floresta Aurora, Antônio Carlos Côrtes, todo esse movimento tinha relação com a Irmandande do Rosário dos Homens Pretos – responsáveis, entre outras coisas, pela construção da igreja dos Pretos na rua Vigário José Inácio, no Centro de Porto Alegre. O prédio, destruído na gestão do arcebispo Dom João Becker, deu lugar à construção da atual igreja do Rosário.
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