Porto Alegre, quinta, 28 de novembro de 2024
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Porto Alegre: Sociedade de Nefrologia destaca falhas no atendimento a pacientes renais

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Sociedade Gaúcha de Nefrologia expõe as necessidades dos pacientes renais crônicos, que dependem da diálise para sobreviver.Médico pediu mais atenção aos pacientes que precisam de hemodiálise e transplante (Foto: Isabelle Rieger/CMPA)

 

 

O período destinado à Tribuna Popular na sessão plenária da Câmara Municipal de Porto Alegre desta segunda-feira (4/4) foi ocupado pela pelo presidente da Sociedade Gaúcha de Nefrologia, Dirceu Reis da Silva. O médico destacou a qualidade dos tratamentos aplicados nos pacientes com problemas renais da Capital, mas ressaltou que há problemas não resolvidos, que o fizeram vir à Câmara para “pedir ajuda em socorro a esses porto-alegrenses renais crônicos, que não têm alternativa a não ser fazer o tratamento tão bem quanto possível”.

Reis elencou os problemas enfrentados pelos pacientes com problemas renais crônicos de Porto Alegre: o deslocamento entre o domicílio e a unidade de hemodiálise, onde o paciente faz o tratamento, principalmente, por dificuldades de mobilidade motora, como pessoas com membros amputados, cegos e portadores de condições transitórias de saúde. Acrescentou que “algumas dessas pessoas não contam com rede apoio de cônjuges, filhos ou pais que possam levá-los para a sessão de diálise”. Para ele, há necessidade de um transporte social ou de gratuidade no transporte público para os pacientes de baixa renda.

Diálise peritoneal

Silva falou também de uma modalidade de tratamento pouco conhecida, que traria o benefício de fazer a hemodiálise em casa. “Quero ressaltar ainda que existe uma modalidade de diálise menos divulgada, utilizada em torno de 6% a 8% da população brasileira, chamada diálise peritoneal, que é feita pela família no domicílio e que poderia ser mais empregada, mas que poucos dos pacientes e familiares chegam a ter conhecimento”. Ele afirma que é preciso garantir o acesso à informação aos pacientes renais crônicos e que é necessário um maior investimento público a esta modalidade de tratamento.

Outra questão levantada pelo médico é a eventual irregularidade no fornecimento de medicações essenciais que são disponibilizadas pelo estado e município “Faz parte da doença renal crônica a ocorrência de anemia grave; falta corporal de ferro; alteração de elementos minerais e descontrole de hormônios”.

Dirceu alertou para a importância da rede de atendimento aos pacientes renais crônicos, “que deve considerar a capacitação da rede primária de atendimento para detecção precoce e o nível especializado de atenção”. Disse também que há um déficit de nefrologistas na rede e de oferta de vagas para acompanhamento. “Isso precisa ser resolvido pela criação destes postos de trabalho e de uma adequada estrutura para para o exercício desta atividade.”

Transplante

Dirceu ressaltou que é primordial possuir um acesso vascular. “Os pacientes renais crônicos em programa de hemodiálise precisam de um acesso a sua circulação sanguínea, de forma que um volume apropriado de sangue fique disponível para a hemodiálise ocorrer e ser eficiente. Isso pode ser obtido através de uma fístula arteriovenosa ou de um cateter. Problemas com acesso vascular são infelizmente comuns e demandam profissionais altamente especializados, com cirurgiões vasculares, radiologistas e hematologistas”. Ele defende a existência de fluxos facilitados na rede pública para que os pacientes possam utilizar quando necessário.

Ao encerrar, enfatizou que a melhor opção ao paciente é o transplante renal e que “para os pacientes elegíveis é o melhor tratamento, tanto sob o ponto de vista da recuperação da qualidade de vida, quanto da racionalidade do uso de recursos”. Segundo ele, o transplante é mais econômico para o sistema de saúde público ao longo de dois anos do que a diálise continuada. Também apontou para a necessidade de campanhas contínuas de doações de órgãos, particularmente nesse momento pós-pandêmico, em que houve uma redução do ritmo de doação e de transplante.

Texto: Josué Garcia (estagiário de Jornalismo)

Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)