Quem esteve domingo, 1º de Maio, no esvaziado ato pelo Dia do Trabalho, promovido pelas duas maiores centrais sindicais do País – a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical – ficou perplexo com o que constatou. Lula, que outrora era o maior líder sindical do País, condição pela qual tornou-se presidente, era o símbolo da degradação do movimento trabalhista. Poucos trabalhadores, se misturavam aos gatos pingados que foram à Praça Charles Miller, no Estádio do Pacaembu (SP), muito mais para assistir ao show de Daniela Mercury, ao custo de R$ 160 mil pagos com verbas públicas da cidade de São Paulo, do que para ouvir o ex-presidente afônico defender suas teses retrógadas. Entre elas, a que prevê cancelar a Reforma Trabalhista, responsável pelo fim do Imposto Sindical obrigatório, fonte das receitas bilionárias que inundaram as estruturas dos sindicatos durante mais de 40 anos. Hoje, os sindicatos estão fracos, com os sindicalizados se afastando das entidades e deixando de contribuir com as mensalidades que mantinham as mordomias dos sindicalistas. Mal conseguem promover um ato no Primeiro de Maio com substância. Já foi o tempo em que Lula levava multidões às ruas. Hoje, tem que esperar Daniela Mercury cantar para dar início ao seu discurso.
Se faz necessário entender, porém, por que os sindicatos estão morrendo à míngua. Até 2017, no governo Temer, quando aprovou-se a reforma trabalhista, CUT, Força e outras oito centrais sindicais, recebiam anualmente R$ 3,05 bilhões da contribuição sindical obrigatória, o que azeitava a engenhosa estrutura sindical e que tinha em suas suntuosas sedes um cartão de visitas da sua malevolência. Só após o governo Temer, com a reforma trabalhista, é que a bandalheira financeira acabou. Se em 2017, último ano do recolhimento do imposto sindical, foram destinados recursos bilionários às oito maiores centrais sindicais, os anos seguintes foram de vacas magras, situação que perdura até os dias de hoje. Em 2018, o total arrecadado com o imposto foi de R$ 411,8 milhões, o que representou apenas 13% do total distribuído aos sindicatos em 2017. Desse total, a CUT ficou com apenas R$ 62,2 milhões e a Força Sindical com outros R$ 51,3 milhões. De lá pra cá, a arrecadação despencou. Durante todo o ano de 2021, o total arrecadado foi de apenas R$ 65,5 milhões (3% do que recebiam em 2017).
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