Porto Alegre, terça, 26 de novembro de 2024
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Cidades sem saneamento, asfalto e emprego gastam milhões em shows pagos com ‘emendas Pix’, por André Shalders, Daniel Weterman, Julia Affonso e Vinícius Valfré/O Estado de São Paulo

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Cachês de até R$ 800 mil são pagos a artistas com dinheiro enviado por deputados e senadores; prefeitos decidem o que fazer com valores sem transparência. STJ suspendeu show que custou R$ 704 mil de cachê a Gusttavo Lima em pequena cidade da Bahia. Foto: Felipe Martini/Globo/Divulgação

 

 

Mesmo sem energia elétrica, saneamento básico, asfalto ou posto de saúde, pequenas cidades investiram milhões em shows de cantores, a maioria deles sertanejos, neste ano eleitoral. Deputados e senadores enviam os recursos diretamente para o caixa das prefeituras, que podem dar ao dinheiro o destino que bem entenderem, sem prestação de contas.

Localizada a 110 km de Maceió, a cidade de Mar Vermelho (AL) está entre os cem municípios de menor renda no País. Seus 3.474 habitantes enfrentam problemas, como falta de saneamento – presente em apenas 14,9% das casas –, ausência de pavimentação – só 24% das moradias estão em ruas com urbanização adequada – e de emprego (9,4% da população estava empregada em 2019). Ainda assim, o prefeito André Almeida (MDB) gastou R$ 370 mil com Luan Santana. É como se cada morador tivesse de desembolsar R$ 106 com o cachê. A apresentação será em agosto, a dois meses das eleições.

Casos como esse proliferam pelo interior do País, onde inexistem políticas públicas. Levantamento do Estadão mostra gastos superiores a R$ 14,5 milhões com cachês de Gusttavo Lima, Zé Neto e Cristiano, Wesley Safadão, Luan Santana e Leonardo em 48 cidades. Os artistas foram contratados por prefeituras para fazer shows neste ano em municípios com menos de 50 mil habitantes.

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