O servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno da Cunha Araújo Pereira está licenciado do órgão para trabalhar em um projeto voltado a melhorar a vigilância em territórios indígenas contra narcotraficantes, garimpeiros e madeireiros que atuam no Vale do Javari, Estado do Amazonas. A missão, conferida a ele por uma organização que representa povos isolados e de recente contato da região, vem desafiando o poder econômico de criminosos brasileiros, colombianos e peruanos que usam aldeias e comunidades ribeirinhas para exploração da floresta e para rota de tráfico.
Pereira está desaparecido desde a manhã do último domingo, 5, quando deixou a comunidade São Rafael em direção à cidade de Atalaia do Norte (AM), num percurso que deveria durar duas horas. Experiente, ele atua na região desde 2010 e estava na companhia do jornalista inglês, Dom Phillips, do jornal britânico The Guardian. Ainda não se sabe qual o paradeiro da dupla. O caso ganhou repercussão internacional e mobiliza Polícia Federal, Exército, Marinha, Força Nacional e Ministério Público Federal. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Anderson Torres, ainda não se manifestaram.
A expedição por São Rafael é considerada extremamente perigosa. Especialistas na dinâmica do crime nas imediações da Terra Indígena (TI) do Vale do Javari não recomendam a passagem pela comunidade em grupos pequenos por causa da movimentação de criminosos estrangeiros e nacionais. Bruno Pereira e Dom Phillips estavam sozinhos numa embarcação de 40 HP, nova, e com combustível suficiente para o retorno.
Leia mais em O Estado de São Paulo