O pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande Sul, Edegar Pretto, transformou a tradicional celebração de aniversário, que realiza todos os anos com o ex-governador Olívio Dutra, num manifesto contra a fome e em defesa da cultura. A atividade reuniu convidados e convidadas no Sindicato dos Aeroviários em Porto Alegre, e marcou os 51 anos de Edegar e os 81 de Olívio, completados, respectivamente, nos dias 17 e 10 de junho.
Edegar lembrou que o Rio Grande do Sul e o Brasil vivem uma situação muito delicada. Hoje, no país, mais de 33 milhões de pessoas passam fome. O número é quase o dobro de 2020, quando 19,1 milhões estavam em situação grave de insegurança alimentar. Segundo ele, o problema se agrava no RS pela ausência de políticas públicas e pelas dificuldades sociais e econômicas. Somente na Região Metropolitana de Porto Alegre, por exemplo, são mais de 1,2 milhão de pessoas nesta situação.
“Tem muita gente passando fome. Além de comida, também precisam de oportunidades, de educação, de uma vida digna e de cultura. Por isso, hoje, quero agradecer, em especial, aos trabalhadores e trabalhadoras das cozinhas comunitárias, que ajudam a colocar comida na mesa de quem mais precisa”, destacou Edegar Pretto.
O aniversário de Pretto é tradicionalmente celebrado com festa. Mas este ano ele decidiu unir forças às cozinhas comunitárias e aos trabalhadores que dedicam o seu tempo a ajudar quem tem dificuldade de se alimentar. Para o ex-governador Olívio Dutra, o povo não deve estar numa condição de pedinte e sim de exercer o seu poder de participação política. “A política não pode ser uma conversa fiada, que não se realiza depois. Precisamos que cada ser humano seja sujeito e não objeto da política”, afirmou.
Representantes de cozinhas comunitárias, entidades e movimentos populares e sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea RS), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), avaliam que, nestes últimos anos de profunda crise no país, o que tem garantido a alimentação mínima para as famílias em extrema pobreza é a solidariedade.
Saraí Brixner e Zailde Silva, representantes do Comitê de Combate à Fome, relataram que desde o início da pandemia se formou uma rede voluntária para ajudar quem tem fome. “Estamos segurando essa bandeira na garra, na raça e com a colaboração de vários parceiros”, disse Zailde. Saraí reforçou que essa experiência é fruto de um processo de mobilização social e de parcerias com muitas entidades que valorizam esse trabalho. “A gente viu que 33 milhões de pessoas estão passando fome, mas elas não estão mortas porque muitas de nós, que estamos aqui, garantimos a comida no prato pelo menos uma vez por semana. Um governo que abandona a população não é governo”, protestou.
Em relação à cultura, foi destacado que o setor é responsável por grande parte da geração de empregos, no entanto, foi um dos mais prejudicados na pandemia. Para piorar, não contou com o socorro dos governos estadual e federal. Representantes da área criticaram que, como se não bastasse a falta de incentivos públicos, a arte brasileira vem sofrendo censuras e ataques ideológicos.
De acordo com Sílvia Abreu, que representou os produtores culturais, é importante lembrar que atrás de cada artista que está no palco existem dezenas de outras pessoas que trabalham e precisam ser valorizadas. “Nós queremos ser tratados com mais respeito, não queremos ser mais demonizados, como estamos sendo no atual governo. Queremos que entendam que a cultura é um setor fundamental para o desenvolvimento da sociedade”, salientou. Para ela, o setor precisa de políticas responsáveis e que contemplem a diversidade cultural, como o carnaval, o teatro, as artes visuais, entre outras. “A gente quer participar da formulação dos planos dos governos, a gente não quer mais decisões que vêm de cima para baixo”, finalizou.
A ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-governador Tarso Genro, o senador Paulo Paim, lideranças políticas, familiares e apoiadores de diversas regiões do estado enviaram mensagens em vídeos. O evento encerrou com o parabéns crioulo aos dois aniversariantes.
Além de lideranças das cozinhas comunitárias, participaram diversos nomes do setor da cultura e política, como o presidente do PT RS, deputado federal Paulo Pimenta; o presidente do PV, Márcio Souza; o deputado federal Dionilso Marcon; o deputado estadual Zé Nunes; vereadores e vereadoras do PT e PCdoB de Porto Alegre.