Internet, Direitos Humanos, Guerras e vários outros fatores ajudaram a moldar a sociedade atual, um ambiente moderno e líquido, nunca estivemos tão conectados entre nós, mas também nunca estivemos tão solitários, esse contraste entre a facilidade de fazer amizades e a rapidez para “bloquear” alguém da sua vida com um toque, aliado à necessidade de exposição nas redes sociais para aprovação social ajudam a lapidar uma personalidade narcisista.
Esse é o foco de um novo estudo científico intitulado “Narcisismo Cultural – Danos à saúde mental”, escrito pelo Pós PhD em neurociências Dr. Fabiano de Abreu Agrela e publicado pela Editora Atena na revista científica de prestígio internacional “International Journal Of Health Science”.
O artigo enfatiza o importante papel da sociedade atual no desenvolvimento do chamado “narcisismo patológico” gerando uma inversão de valores e disfunção na percepção de si mesmo e de terceiros.
“A facilidade de conhecer novas pessoas acaba escondendo o caráter frágil e descartável de muitos vínculos construídos, tornando relacionamentos diversos menos duradouros e exacerbando uma cultura de exibição de desempenho em aspectos físicos, emocionais e profissionais […] enquanto a fragilidade da relação com o outro se destaca, o narcisismo se intensifica”.
O que é o narcisismo patológico?
O narcisismo patológico é uma desordem mental que causa um aumento de ego e distorções na percepção de si, apresentando um apreço obsessivo por si mesmo em detrimento dos outros.
No entanto, apenas ter o ego inflado não significa que alguém tem um distúrbio, existem critérios rígidos para o diagnóstico dessa doença, que similar ao TPN – Transtorno de personalidade narcisista, de acordo com o estudo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) apontou características marcantes do transtorno com sendo:
Contemporaneidade e narcisismo: Uma linha tênue
A cultura da sociedade atual está amplamente baseada na busca incansável pela perfeição, por meio de jornadas exaustivas de trabalho a fim de obter sucesso material, edições e manipulações em postagens para parecer socialmente interessante, etc., existe uma linha tênue entre o estilo de vida contemporâneo e o narcisismo.
“Um sujeito vitorioso é aquele que consegue mostrar sua alta performance em tudo aquilo que faz em um contexto em que o exibicionismo toma proporções exacerbadas. Seja em atividades como o trabalho ou esporte, a todo o momento é feita uma convocação para que se ultrapasse os próprios limites de desempenho e se mostre melhor que outras pessoas, num cenário altamente competitivo”.
Um dos principais pontos que fazem a sociedade atual ser um agente potencializador do narcisismo patológico é a sua liquidez e vínculos frágeis com as outras pessoas, essa descartabilidade torna a manipulação do narcisista mais fácil e ainda a mascara socialmente como um comportamento natural.
“Outra característica que aproxima a sociedade contemporânea do narcisismo é a falta de empatia e uma indiferença com o outro em prol de si mesmo, além da mais frequente utilização de outras pessoas para atingir objetivos. Há um valor exacerbado concebido ao prazer instantâneo, com uma liberdade para agir sem limitações em uma pretensão de completude, onde não há falta”.
“Numa sociedade ansiosa, a necessidade de recompensa é maior, buscando mais a rede social e se satisfazendo fantasiando a própria vida e acreditando na própria fantasia. Os sentimentos de “imortalidade”, superioridade e egoísmo que alteram o cérebro e destoam a coerência e a razão, formata uma personalidade comum, mas que já poderia ser considerado uma epidemia. O narcisismo patológico é diferente do transtorno narcisista e deve ser analisado com urgência antes que se torne um transtorno comum”.
As redes sociais: Um ambiente de banalização do narcisismo
Diversas patologias mentais são claramente notadas pelo próprio indivíduo afetado ou pelas pessoas que o cercam, no entanto, não é isso que acontece com o narcisismo patológico, em especial pelo senso de urgência de crescimento pessoal e profissional que a atualidade trouxe consigo e que “justifica” diversas ações narcisistas.
Um dos ambientes mais propícios para a mascaração desse transtorno são as redes sociais, que contém diversas manifestações de ego inflado e redução de outras pessoas para aumentar sua superioridade.
“Embora as manifestações narcisistas através das redes sociais possam estar expressando, muitas vezes, uma variação do normal ao excessivo, há casos variáveis de narcisismo que vão desde o saudável ao patológico”.
Dr. Fabiano de Abreu Agrela, é um PhD em neurociências, mestre em psicologia, licenciado em biologia e história; também tecnólogo em antropologia com várias formações nacionais e internacionais em neurociências. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat – La Red de Investigadores Latino-americanos, do comitê científico da Ciência Latina, da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo nos Estados Unidos e professor nas universidades; de medicina da UDABOL na Bolívia, Escuela Europea de Negócios na Espanha, FABIC do Brasil, investigador cientista na Universidad Santander de México e membro-sócio da APBE – Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva.