Porto Alegre, quinta, 28 de novembro de 2024
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Petry reforça meta de buscar novos investimentos para o Rio Grande do Sul. Aos 85 anos, Fiergs consolida imagem de liderança no desenvolvimento do Estado; por Felipe Vieira

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IDI-RS divulgado pela FIERGS mostra retração de 11,8% em relação a abril. Foto: Dudu Leal

 

 

 

Quando se pensa em indústria, boa parte das vezes, a imagem que vem à mente remete às fábricas em áreas imensas … Efetivamente, elas existem e geram milhares de empregos e renda a seus funcionários e famílias. Por isso, com certeza, muita gente se surpreenderá ao ler que, no Rio Grande do Sul, existem 50 mil fábricas e são responsáveis por 850 mil empregos diretos. Onde elas estão, questionará alguém? Ora estão espalhadas por todo o Estado. A “fabriqueta” de bairro, por exemplo, é uma das micro e pequenas que representam 22,5% do PIB industrial brasileiro. E elas se aproximam das médias, com seus 24,5%. Logo, somados ambos os segmentos, teremos 47% do PIB, não muito distante dos 53% abarcados pelas grandes.

É com esse olhar, além da percepção comum, que Gilberto Porcello Petry trabalha para atrair mais empreendimentos ao Estado. Nesta semana, conversei com o presidente da poderosa Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul Formada por 109 sindicatos empresariais, a entidade está celebrando 85 anos e pensando no futuro. A mais recente inovação, inclusive, é o ingresso no Metaverso, projeto de longo prazo que está consolidando a FIERGS como a primeira das federações de indústrias brasileiras no ambiente virtual de negócios.

Mas ele não vai ficar parado, enquanto esse mundo virtual consolida-se. Petry sabe que negócio se faz conversando olho no olho, e por isso segue investindo em agendas de missões internacionais, levando os empresários gaúchos para prospectar novos clientes no exterior e buscando novos investidores interessados em montar aqui os seus negócios. Liderados pela Fiergs, os industriais gaúchos são figuras conhecidas na Feira de Hannover, considerada o fórum mais importante no que diz respeito às novidades relacionadas à indústria mundial, e eventos como Anuga, também na Alemanha e Sial, em Paris, direcionados aos setores de alimentos e bebidas. Em breve, Japão e Chile receberão novas visitas.

Petry nos 85 anos da Fiergs. Foto: Dudu Leal

Os japoneses, por exemplo poderão investir na implantação e operação de parques eólicos offshore, no litoral gaúcho. Todos esses países e mais os Estados Unidos, China e várias nações europeias, estão permanentemente no GPS de Petry, vice-presidentes e executivos da Fiergs. Só que o alcance do ‘Global Positioning System’ deles, porém, é bem mais amplo. Por esse motivo, em 2023, uma missão gaúcha vai desbravar o distante Cazaquistão, que pertenceu à antiga república soviética, banhado pelo Mar Cáspio e vizinho de China e Rússia. Ano que vem, como um caixeiro viajante, lá vai Petry liderar mais uma missão empresarial em busca de novos negócios em Almaty, tradicional centro de comércio da Ásia Central. Sucesso para eles!! #NaTorcida

Na ampla conversa que tivemos, questionei Petry sobre a opção do Banco Central Brasileiro, em seguir com o aperto monetário sobre a economia nacional. Nessa hora, falou o economista de formação. Para ele, o ciclo já deveria ter sido encerrado. Petry revelou que disse isso pessoalmente a Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. O presidente da Fiergs critica a gestão do BC, responsável por assegurar a estabilidade de preços e suavizar as flutuações do nível de atividade econômica no país. “Eles trabalham para controlar a inflação, mas não têm o controle efetivo. E o custo financeiro para as empresas manterem os estoques está muito alto. O ideal é não vincular a queda da inflação com a elevação da taxa de juros. Quando o governo lança um título no tesouro, valor mais IPCA, significa o juro que ele vai pagar para sustentar a dívida pública”. O dirigente ainda destacou o que vem ocorrendo nos Estados Unidos e Alemanha que, ao contrário do Brasil, contiveram os juros em patamares reduzidos, apesar dos elevados índices inflacionários registrados em ambos os países, agravados pelos desdobramentos da pandemia e da guerra entre russos e ucranianos. Para ele, esse deveria ser o caminho adotado pelo Brasil.

Indaguei Petry sobre a rebelião desencadeada na Zona Franca de Manaus, a partir da redução do IPI. O imbróglio acabou no STF, após liminar do ministro Alexandre de Moraes, “A Zona Franca tem benefícios que a indústria no resto do país considera exagerados, inicialmente por 20 anos, depois prorrogados por mais 20 e agora 30”. Após emitido o recente decreto presidencial, explicou o presidente da Fiergs e vice da CNI, as empresas começaram a faturar diferente, e hoje os empresários nem sabem ao certo como emitir as notas fiscais, por causa do fisco e isso ainda está numa espécie de limbo, “Estudamos enviar uma carta ao ministro Alexandre, na tentativa de sensibilizar o magistrado sobre o tema e os desdobramentos resultantes de sua canetada.”, disse ele.

Petry está feliz com os resultados da recente pesquisa, revelada nesta semana durante o almoço comemorativo aos 85 anos da entidade. Para 78% dos entrevistados, a percepção é positiva em relação à indústria gaúcha. “Nos surpreendemos positivamente com o índice, a entidade tem uma imagem extraordinária junto à população, no sentido de que a indústria traz esperança”, afirmou. Ele lembra que o setor oferece ao mercado de trabalho as oportunidades de emprego, gerando os impostos que ajudam a desenvolver o país. “Não se paga imposto porque quer, e sim porque o empresário reconhece a importância desses recursos para a boa gestão do Estado”.

No levantamento elaborado em julho, o Instituto Pesquisas de Opinião incluiu oito regiões, com 1,5 mil entrevistas em 52 municípios. Na análise sobre a influência da indústria no Rio Grande do Sul, 61,9% dos gaúchos acreditam que ela ajuda muito no desenvolvimento econômico. E isso eu tenho visto de perto, como jornalista que acompanha há mais de 30 anos a indústria. Os resultados da pesquisa comprovam que a FIERGS, a caminho de completar um século, continua em dia com aquilo que a sociedade gaúcha espera de homens comprometidos em empreender, gerando desenvolvimento, riqueza, inovando – no mundo real e virtual – estimulando o surgimento de novos empresários e empreendimentos, trazendo a esperança de dias melhores à sociedade gaúcha.