Em 9 de fevereiro de 2021, a neurociência perdia um de seus nomes mais importantes aos 83 anos, Ivan Izquierdo, para a pneumonia. Nascido em Buenos Aires, em 1937, o argentino e brasileiro naturalizado foi responsável por inúmeras contribuições para a compreensão das bases celulares do armazenamento e da evocação da memória. “Ivan é uma inspiração para neurocientistas em todo o mundo, certamente é um orgulho nacional e suas descobertas ainda resultarão em grandes melhorias para a humanidade”, afirma o neurocientista, PhD e biólogo, Dr. Fabiano de Abreu.
O trabalho de Izquierdo uniu conhecimentos da biologia, da psicologia comportamental, da neuroquímica, da farmacologia, da neurofisiologia e da neurologia experimental. “Frequentemente ele realizava microinfusões intracerebrais de fármacos, avaliava seus efeitos sobre diferentes processos celulares e, em particular, sobre diferentes tarefas comportamentais”, relembra o Dr. Fabiano de Abreu.
O médico sul-americano foi pioneiro em demonstrar cientificamente o papel fisiológico-comportamental de neurotransmissores como a dopamina, adrenalina, peptídeos opióides endógenos e da acetilcolina na modulação da consolidação da memória. “Muitos dos meus estudos se baseiam nas descobertas feitas por ele. Acredito, que assim como outros grandes mestres do passado, Ivan deixou sementes para que hoje pudéssemos expandir ainda mais os nossos conhecimentos sobre a neurociência”, explica o especialista.
Colecionando prestígios, em 2007, Ivan Izquierdo foi eleito membro estrangeiro na Academia de Ciências dos Estados Unidos da América, porém, já era também, diretor da Academia Brasileira de Ciências. Segundo Fabiano, “Ele recebeu mais de 30 prêmios internacionais e nacionais. Possui incontáveis artigos científicos publicados e sua genialidade não passou despercebida, tendo recebido também a maior honraria civil nacional: a Ordem de Rio Branco. Ivan merece ser lembrado, não só por suas contribuições, mas também por uma vida de feitos que tornou o mundo um pouco mais extraordinário”.