Desde que avistei, pela primeira vez, a figura elegante, de violão a tiracolo, que percorria as ruas e travessas da Cidade Baixa, percebi que havia em torno dela uma aura de carisma e empatia. Admirado e querido pelos jovens frequentadores do bairro boêmio, o que lhe dava notória satisfação, aquele senhor movia-se com desenvoltura por entre calçadas e mesas de bares, como se todos ao redor fossem amigos de longa data.
Mas a verdade é que poucos ali conheciam a sua história. Como cantor e violonista, Darcy Alves já havia, àquela altura, dedicado mais de cinco décadas à autêntica música popular do Brasil. “Junto com Plauto Cruz, ele fez parte de uma nobre linhagem que manteve em Porto Alegre a tradição do choro, da valsa e da seresta, sempre com originalidade ímpar”, afirmou Yamandu Costa, um dos maiores talentos do violão no Brasil e no mundo. Parceiro de noitadas e cantorias de Lupicínio Rodrigues e outros personagens célebres da vida boêmia da capital gaúcha, o professor Darcy, como era conhecido, acompanhou também artistas de fora do Estado que vinham se apresentar em Porto Alegre, como Jamelão, Altamiro Carrilho, Sílvio Caldas, Nelson Gonçalves, Ângela Maria e Beth Carvalho.
“Não existe quem seja melhor em acompanhamento do que Darcy. O cantor com ele não vacila, se embala, parece que ele o está ninando. Além de tocar magistralmente, o diabo do Darcy ainda canta muito bem”, disse o jornalista Paulo Sant’Ana (falecido em 2017).
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