Na quinta-feira (9), Maurício Salton, presidente da vinícola centenária Salton, e membro da quarta geração da família fundadora, passou 10 horas ao lado de representantes do Ministério Público do Trabalho e de outras duas companhias do mesmo setor, a Aurora e a Cooperativa Garibaldi, discutindo termos de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). No acordo, divulgado nesta manhã de sexta (10), elas se comprometeram a pagar indenizações de R$ 7 milhões para reparar danos de trabalho análogo à escravidão e aplicar mudanças em suas políticas de contratação e fiscalização da cadeia de fornecimento.
Logo após a notícia, Maurício Salton falou ao Valor com exclusividade sobre como a empresa vem enfrentando a situação, os impactos do caso nas vendas e reputação da companhia e deu
detalhes dos próximos passos para evitar que casos do tipo se repitam. Esta é a primeira vez, desde a eclosão do caso, que um empresário de uma das três vinícolas fala à imprensa — até
agora, a comunicação havia sido feita pelas empresas por meio de comunicados e cartas.
“Sabemos do nosso dever, sabemos que temos um dever moral com essas pessoas. Sabemos que temos que reparar os danos. Colocamos nesse acordo (TAC) nossos compromissos para
trabalhar em cima da cadeia produtiva. Também reiteramos nossa intenção e nosso compromisso para nos tornarmos uma empresa que promova práticas cada vez melhores e demonstre
integridade” , afirma o executivo, que está à frente da companhia desde maio de 2018.
As três vinícolas estão envolvidas em um escândalo revelado no dia 22 de fevereiro, quando mais de 200 trabalhadores contratados pela terceirizada Fênix Serviços Administrativos para
ajudar nas atividades do período de colheita de uvas em Bento Gonçalves (RS), foram resgatados de um alojamento em condições precárias. As denúncias, depoimentos e averiguações no local deixaram claro que eram típicos casos de trabalho análogo à escravidão;
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