Desde 2011, o Patas Dadas possuía vínculo com a Universidade, por meio de um projeto de Extensão. Em 2016, a SUINFRA teria disponibilizado um pavilhão para servir de novo canil. Em 2017, porém, a UFRGS teria sido denunciada pelo Ministério Público e fiscalizada pela FEPAM, em decorrência de reclamações de barulho feitas pelos moradores do entorno do canil.
A ONG possui uma longa história de cuidado com os animais abandonados no Campus do Vale da UFRGS, assim como o Vale possui um histórico problema de animais em situação de abandono. “Realizamos, de forma gratuita, um serviço social e de saúde pública que a própria Universidade é incapaz de fazer, e somos tratados como um problema, e não a solução”, explica o presidente do Patas Dadas, Bruno Giozza.
Apenas no início de 2022 a SUINFRA notificou a ONG de que a licença estava suspensa, que não poderiam ter retomado as atividades no canil e que o Projeto de Extensão não poderia ser renovado, sob a justificativa dos ruídos excessivos. A situação se tornou um impasse na medida em que a Superintendência afirma que só poderia haver uma resolução por parte da Universidade se a ONG formalizasse novamente o seu vínculo. Por sua vez, o vínculo não pode ser novamente formalizado por meio da Extensão em razão dos ruídos excessivos.
Bruno relata que desde que a nova gestão assumiu a Reitoria, a situação ficou mais difícil para a ONG, com um nítido desinteresse em ajudar a solucionar o problema: “Com o fim do projeto de extensão e o fechamento do canil, a nossa atuação nos resgates ficou muito dificultada, já foi difícil encontrar pessoas que pudessem acolher temporariamente os cães que estavam no canil, e muitos tiveram que ir para lares pagos”. Por conta disso, o fechamento do canil, além de causar um transtorno grande na logística dos transportes para ração, medicamentos e consultas, aumentou consideravelmente as despesas.
“Os voluntários nos informaram que as denúncias em relação aos barulhos iniciaram em 2017 e permaneceram até 2022. Ou seja, a ONG possuía vínculo com a Universidade durante todos esses anos e poderia ter realizado as reformas”, coloca Luciana Genro. Apesar de visitas dos engenheiros da SUINFRA, que ofereceram algumas soluções, como o plantio de bambus e o revestimento das baias com manta acústica, nada teria sido feito por parte da UFRGS para viabilizar as melhorias.
Agora, o Patas Dadas está sendo despejada da Universidade. “É importante que a UFRGS nos explique por que não houve uma tentativa de resolução do problema. É natural que em um canil que resgata tantos animais haja barulho, é preciso que haja estrutura para a ONG funcionar”, aponta Fernanda Melchionna.
Nos ofícios enviados à Universidade, elas destacam o relevante trabalho do Patas Dadas, que já promoveu a adoção de mais de mil animais, realizando atendimento gratuito por mais de uma década. As deputadas questionam a SUINFRA sobre as medidas que foram tomadas para resolver a questão ao longo dos anos, e solicitam uma reunião urgente para buscar uma solução.
A própria ONG já havia tentado contatos anteriores com a Universidade, sem sucesso. “A falta de vontade que eu presenciei durante reuniões com a superintendência da SUINFRA e a deplorável demora em responder meus questionamentos contrastam com a rapidez em que fecharam o nosso acesso ao canil. Mesmo assim, questionados pela imprensa, se calam. Não canso de afirmar que a UFRGS só perde com essa situação, e espero que tomem ciência desse erro antes que a situação de abandonos e maus tratos no Campus do Vale volte a ser aquela que encontramos lá em 2009”, afirma Bruno.
A ONG também está divulgando um abaixo-assinado para a população demonstrar seu apoio. Assine clicando aqui.