Porto Alegre, quarta, 25 de setembro de 2024
img

Trigo transgênico é alternativa à falta d’água, por Patrícia Feiten/Correio do Povo

Detalhes Notícia
Ainda em testes e sem produção em escala comercial no Brasil, tecnologia promete melhorar produtividade em regiões mais secas do país e diminuir a dependência da indústria moageira de importação do cereal argentino | Foto: Joseani Antunes / Embrapa / Divulgação / CP

 

 

Anunciado no início deste mês pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNbio), o sinal verde para o cultivo e para a venda de trigo geneticamente modificado tolerante à seca no país trouxe a promessa de um grande salto para a triticultura frente um cenário de preocupações com efeitos das mudanças climáticas, como estiagens, e a oferta de global alimentos, impactada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Com a medida, o Brasil se tornou o segundo depois da Argentina a liberar o uso da variedade transgênica HB4, desenvolvida pela empresa argentina Bioceres e apresentada pela parceira Tropical Melhoramento e Genética (TMG). Embora a aprovação não signifique que o cereal estará disponível para produção em escala comercial em curto prazo, a expectativa é que a nova tecnologia possa reduzir a dependência brasileira do grão importado – hoje, a indústria moageira compra do país vizinho metade do trigo que consome.

Se adaptado às condições locais, o cereal modificado beneficiará os agricultores da região do Cerrado, onde o inverno seco representa um entrave para a expansão das lavouras de trigo. Em parceria com a Bioceres, a Embrapa vem testando cultivares transgênicas desde março do ano passado, em um campo experimental de 70 metros quadrados no Distrito Federal (foto acima). Com a autorização do cultivo do HB4 no país, os experimentos poderão ser estendidos a outras regiões, acredita o chefe-geral da Embrapa Trigo, de Passo Fundo, Jorge Lemainski. “Estamos dando os primeiros passos, avaliando como essas plantas se comportam no ambiente do Brasil sob déficit hídrico. Ainda não temos resultados, mas a expectativa é de que em quatro, cinco anos a gente possa ter algo mais significativo e, se positivo, chegar à produção de sementes com esse propósito”, explica o pesquisador.

Por sua resistência ao estresse hídrico, o trigo transgênico ofereceria mais segurança para o plantio de culturas complementares, semeadas após a colheita da soja e do milho no Centro-Oeste brasileiro, a chamada safrinha. “E isso converge para os propósitos de o Brasil ampliar sua área de cultivo na área de sequeiro”, destaca Lemainski.

Leia mais no Correio do Povo