A derrota do governo na Câmara, na noite desta quarta-feira, 3, reflete não apenas a dificuldade enfrentada pelo Palácio do Planalto na articulação política com o Congresso, mas uma disputa no PT pelos rumos do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O placar de votação do projeto que derrubou trechos de decretos de Lula, editados para alterar o marco do saneamento, escancarou o racha na base aliada e o fogo amigo cada vez mais alto nas fileiras petistas.
O primeiro teste do Executivo no Congresso era para ser mais simples do que os obstáculos previstos para a votação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária. Mas, mesmo assim, mostrou que deputados de partidos com ministérios, como PSD, MDB, União Brasil e até o PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin ficaram contra o governo. Foram 295 votos contrários à orientação do Planalto e 136 a favor.
O projeto teve como relator o deputado Fernando Monteiro (PP-PE), sobrinho do ministro da Defesa, José Múcio, e seguirá agora para análise do Senado. “Não se faz decreto em cima de uma lei. A Câmara votou pelo respeito ao Parlamento”, resumiu Monteiro.
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