Porto Alegre, terça, 01 de outubro de 2024
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Valor de ingresso para parques divide opiniões no RS, por Christian Bueller/Correio do Povo

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Unidades de conservação têm desafios após concessão para a iniciativa privada | Foto: Veridiana Dalla Vecchia / Especial / CP

A vista é linda. Para alguns, uma experiência inesquecível, em uma viagem que congrega contato com a natureza, aventura e tranquilidade. A 200 quilômetros de Porto Alegre, os parques nacionais dos Aparados da Serra e da Serra Geral, em Cambará do Sul, nos Campos de Cima da Serra, são unidades de conservação que possuem inúmeros atrativos: biomas, hidrografia, vegetação, fauna, mas são as formações geológicas e os relevos singulares que ganham destaque. Seus cânions e trilhas oferecem as melhores experiências em suas bordas ou em suas bases. Juntos, esses dois parques somam mais de 30 mil hectares e se distribuem pelos estados do Rio Grande do Sul (parte superior do planalto) e de Santa Catarina. Atualmente, são três áreas de visitação: Itaimbezinho, Fortaleza e Rio do Boi (no estado vizinho).

Em 2021, a administração dos parques foi concedida à iniciativa privada. A promessa de melhorias empolgou o município, que viu na medida a possibilidade de ampliar o turismo na cidade. Porém, após a concessão, houve reclamações sobre o preço dos ingressos, que chegam a R$ 94,00 em um valor unitário. Comerciantes e empresários da região reclamam que há diminuição de visitantes.

Para Giovane Klippel, presidente da Associação de Empreendedores Turísticos de Cambará do Sul (Aeturcs), o movimento é baixo e só aumenta nos feriadões recentes, mas a circulação caiu cerca de 50% desde o início da concessão, gerida pela empresa Urbia Parques. “Estamos bem abaixo da meta e isso tem tudo a ver com os ingressos, além dos acessos aos parques, que estão ruins, o que, neste caso, estão relacionadas ao poder público e não à concessionária”, relatou. Segundo ele, a estrutura oferecida ao visitante no entorno dos cânions não é condizente com o preço exigido. “São contêineres, não há um espaço fixo, está provisório. A empresa deixou bem claro que não vai reduzir o valor da entrada, então, estamos bem cientes disso”, diz Klippel, que trabalha com grupos de turistas. Se tiverem mais de 15 pessoas, o valor promocional cobrado por pessoa do grupo é de R$ 72,00. O presidente da Aeturcs diz que a entidade trabalha em conjunto com a Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul para melhorar este cenário. “A ideia é promover alguns eventos de inverno para trazer mais pessoas à cidade com apoio do governo do Estado”, adiantou.

Para Fabiano Alves Júnior, da Pousada Candieiro Cambará, ocorreu uma mudança no perfil do turista que costuma visitar os parques. “Por causa da concessão, somada à crise econômica, houve uma alteração: as famílias e os mochileiros, que nos procuravam por sermos um espaço mais rústico, não vêm mais. A cobrança do ingresso deixou mais seleto este movimento. O público diminuiu bastante”, afirma. A sugestão de Fabiano é para que o valor atualmente cobrado para entrada nos dois parques seja dividido, a fim de que o visitante possa escolher e, dessa forma, possa aumentar a demanda. “Tem muita gente que vem a Cambará e quer conhecer um parque só ou tem tempo apenas para um. Facilitaria para nós. Pedimos, mas ainda não tivemos retorno”, lamenta.

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