Porto Alegre, quarta, 02 de outubro de 2024
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Opinião: IPCA sacramenta corte de juros, depois, por André Perfeito

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O IPCA de maio surpreendeu e veio abaixo das expectativas medianas de 0,35% e fecha o mês em 0,23%.

 

 

A primeira leitura é bastante positiva como a desaceleração do grupo Alimentação que saiu de 0,71% para 0,16%. Essa desaceleração, prima irmã da alta expressiva do setor agropecuário no PIB do primeiro trimestre, pode ajudar a atenuar algumas medidas de núcleo que tem tirado o sono do BCB.

O governo tem que ter a sabedoria de “dar os parabéns” ao Banco Central por essa queda da inflação mesmo que saibamos que não foi só a política monetária que está jogando os preços para patamares mais civilizados. A hora é de refazer pontes especialmente porque as notícias são boas e um clima melhor entre as instituições pode ajudar no processo de acomodação das taxas de juros.

O COPOM poderia cortar a SELIC não reunião de junho? Poderia. O colegiado vai cortar? Não, não vai. A questão na mesa é que não se pode dar “um cavalo de pau” na comunicação, logo o que espero é ver sinalizações claras na próxima ata que há espaço para algum afrouxamento monetário no segundo semestre e isso já vai ajudar – e muito – o humor empresarial e a retomada da economia.

Enquanto isso o mercado de capitais deve seguir em alta, com a perspectiva mais clara de corte de juros os ativos tendem a se valorizarem por puro e simples Fluxo de Caixa Descontado.

O IPCA de hoje foi uma boa notícia para o Planalto, o BCB, o mercado, mas especialmente para os mais pobres que estão vendo sua renda esvair numa economia que ainda não cresce, mas onde a inflação comia o que sobrava.

*André Perfeito, Economista